A silvicultura preventiva torna os espaços florestais mais resilientes, reduzindo o risco dos incêndios e a sua perigosidade.
A propensão para parte do território nacional arder depende, essencialmente, da quantidade de combustível acumulado na superfície do solo e da sua estrutura vertical e horizontal, independentemente da espécie florestal. A ideia é defendida há muito pela investigação florestal e explica porque a silvicultura preventiva é fundamental para a resiliência dos espaços florestais.
A gestão ativa nos povoamentos florestais não só reduz o risco de propagação dos incêndios, como também contribui para a diminuição das suas consequências. A limpeza regular da vegetação ajuda a controlar o combustível que alimenta e propaga o fogo junto ao solo. Em complemento, a construção de caminhos e corta-fogos internos (faixas de terreno aberto) impede a progressão dos incêndios, permitindo ainda a circulação das equipas de combate para uma atuação rápida e em segurança.
Regras na construção de caminhos e aceiros
Os caminhos florestais são infraestruturas que compõem a rede viária das florestas, servindo de suporte à gestão florestal. Estes permitem o acesso às propriedades e também cumprem uma importante função na vigilância e defesa da floresta contra incêndios.
No âmbito do Projeto Melhor Eucalipto, a CELPA – Associação da Indústria Papeleira desenvolveu um conjunto de recomendações para a construção e manutenção de caminhos e aceiros florestais, que devem constituir qualquer plano de gestão florestal. Estas incluem:
- A interligação dos caminhos florestais com a restante rede viária da região, para facilitar a circulação de veículos no apoio à atividade de exploração florestal e de intervenção no combate a incêndios;
- A sua inclinação longitudinal, que não deve exceder um declive de 12 por cento;
- A adequada condução da água para fora destas vias, através da construção de corta-águas e valas de drenagem;
- A necessidade de prevenir o cruzamento e inversão de marcha de veículos, nomeadamente veículos pesados.
No caso dos aceiros, que são as faixas destinadas a criar uma descontinuidade na densidade da vegetação, para desacelerar a propagação das chamas, a sua disposição deve tirar partido de obstáculos ao fogo, como bermas de estradas e caminhos. O objetivo destas faixas é criar uma descontinuidade na paisagem, visando proteger zonas de elevado risco.
Uma manutenção regular
Os caminhos e aceiros florestais devem ser planeados atempadamente e construídos aquando da preparação do terreno, de acordo com o projeto florestal aprovado. Posteriormente, deverão ter manutenção periódica. Nos caminhos esta deverá ser feita, de preferência, com uma motoniveladora, para regularizar o piso e limpar as valas de drenagem.
A manutenção dos aceiros e das faixas de proteção aos caminhos deve ser feita através do controlo da vegetação entre as árvores, para manter uma densidade de biomassa baixa. Para isso, podem ser usados métodos mecanizados, químicos ou motomanuais, consoante o tipo de vegetação e as condições do terreno.
Os caminhos florestais são infraestruturas que compõem a rede viária das florestas e servem de suporte à gestão florestal, com uma importante função na vigilância e defesa da floresta contra incêndios.
A importância da prevenção está bem patente no investimento que é feito anualmente pelo setor industrial de base florestal, como é o caso da fileira da pasta e papel. Em 2019, a CELPA investiu 4,5 milhões de euros em 2019 em ações de silvicultura para prevenção de incêndios que consistem no controlo da vegetação, limpeza de caminhos e aceiros e manutenção e construção da rede viária e divisional. No caso particular da The Navigator Company, esta investiu, no último ano, 329 mil euros na manutenção de caminhos e aceiros e mais €1,8 milhões em atividades de limpeza e controlo da vegetação.
O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.