O BE faz no sábado a primeira paragem do seu Roteiro pela Justiça Climática, uma iniciativa para combater esta crise, que considera não poder ser agravada pelas respostas à guerra e à inflação.
“O Bloco de Esquerda toma esta iniciativa porque a crise climática é o pano de fundo de todos os nossos problemas e, portanto, por muito focadas que estejam as pessoas nas questões da guerra, nas questões da inflação, estas não podem ser vistas fora do contexto geral em que ocorrem que é o de uma crise climática, que põe em causa a sustentabilidade do planeta e a própria vida na terra tal como nós a conhecemos”, disse à agência Lusa o dirigente do BE Jorge Costa.
Neste Roteiro pela Justiça Climática, que começa no sábado em Lisboa, os bloquistas vão “apresentar propostas e denunciar situações que do ponto de vista ambiental e social devem ser encaradas”.
“Vamos fazê-lo percorrendo todos os distritos do país ao longo dos próximos meses com iniciativas regulares, que mobilizem não só a organização do BE, mas também organizações, intervenientes e atores sociais que têm um papel na denúncia destes problemas e na proposta para a sua resolução”, afirmou.
De acordo com Jorge Costa, é “preciso resolver estas crises da guerra, da inflação de forma urgente”, mas com opções que não agravem “o problema climático e das alterações climáticas”, que é “a maior ameaça no imediato e no longo prazo”.
“Nós, para respondermos sobre a inflação, temos que resolver o problema da energia, o problema da produção alimentar. As respostas nestes planos devem ser dadas tendo em conta as opções que obedecem ao que a crise climática impõe e que não se faz mais do mesmo e pior sobre a pressão de uma crise que é preciso resolver na emergência”, defendeu.
Este roteiro terá, segundo o antigo deputado do BE, “uma componente de visibilidade de rua”, podendo o seu formato “variar muito de local para local e em função das circunstâncias e do território”.
“Mas no geral incluirá, como em Lisboa, uma marcha que amanhã [sábado] será entre o Mercado do Lumiar e a Assembleia Municipal de Lisboa. Durante a marcha levantaremos questões relacionadas com estes temas, à medida que passamos por locais que podem ter um significado ou instituições que podem ter uma responsabilidade e vamos levantando estes tópicos ao longo do caminho. Aproveitamos a marcha para o contacto com a população”, descreveu.
Depois de um almoço ao ar livre, haverá tempo para as intervenções, entre as quais a da coordenadora do BE, Catarina Martins, as das vereadoras de Lisboa e Oeiras e ainda de dois ativistas, “uma da greve climática estudantil e outra da marcha azul, que vai pronunciar-se à porta da Cimeira dos Oceanos”.
No final do período das intervenções tempo para a “‘bicicletada’ anti-Moedas” pela ciclovia de Almirante Reis até ao Martim Moniz, onde será pintado um mural do Nuno Saraiva.
Depois de Lisboa, o roteiro sobe até ao Minho no fim de semana seguinte, onde haverá concertos e uma mostra de cinema climático em Viana do Castelo, estando para Braga marcada uma marcha e um almoço-encontro com uma delegação do Bloco Nacionalista Galego, partido que governa o município de Pontevedra, “cidade que é um exemplo internacional” por ter retirado o trânsito de automóveis do centro urbano.
“Em 24 de julho, o roteiro voltará e seguirá para a Zambujeira do Mar para contactar com trabalhadores imigrantes e para levantar a questão da água, das estufas, da agricultura intensiva”, acrescentou Jorge Costa.
Nos meses de setembro e outubroest á prevista a passagem deste roteiro climático pela Margem Sul do Tejo, distrito do Porto, Algarve e Interior.