A Associação Portuguesa de Cunicultura (ASPOC) fez hoje um “balanço positivo” da campanha dos últimos três anos para divulgação da carne de coelho, congratulando-se com a mobilização da fileira, apesar da quebra de consumo resultante da conjuntura económica.
“Um dos principais objetivos da campanha foi mostrar aos consumidores e potenciais consumidores que a carne de coelho faz parte da nossa história gastronómica. Com foco na revitalização do consumo, pretendeu-se apresentar esta carne como uma opção gastronómica versátil e rica em termos nutricionais”, afirma o vice-presidente da ASPOC, citado num comunicado.
Segundo António Fernandes, os três anos da campanha “O Segredo da Dieta Mediterrânea” – que termina no final de 2023 – foram de “intensa atividade possível devido ao esforço de toda a fileira”, num “exemplo de cooperativismo exemplar que juntou a associação à Intercum, que representa a fileira em Espanha, a Comissão Europeia, que financiou uma parte deste projeto, e todos os associados, produtores, empresas de abate e transformação, empresas de alimentação animal e de genética, que contribuíram de forma muito significativa para que este projeto fosse concretizado”.
Divulgar e impulsionar os hábitos de consumo da carne de coelho no mercado português foi o principal propósito da campanha europeia de promoção e divulgação de carne de coelho, que desenvolveu diversas iniciativas junto do canal horeca (hotelaria, restauração e cafetaria) e do consumidor final.
Anunciada em meados de 2021, com um orçamento de 1,5 milhões de euros, a campanha apontou então como objetivo duplicar o consumo nacional de 0,66 quilogramas ‘per capita’ de carne de coelho.
“Durante estes três anos mantivemos o foco em duplicar o consumo de carne de coelho junto dos consumidores, de uma vez para duas vezes por mês. Sempre tivemos a noção de que era um objetivo ambicioso, e a conjuntura económica que marcou o ano de 2023 não veio ajudar na sua concretização. Com o continuo aumento do custo de vida, o consumo de carne em termos gerais sofreu um impacto considerável”, refere o vice-presidente da ASPOC.
Assim, segundo um estudo da Kantar no primeiro semestre de 2023, a diminuição da cesta e a perda de compradores foram os principais travões ao consumo de carne fresca, sendo que, apesar de os portugueses comprarem carne com maior frequência, foi sentida uma redução na quantidade comprada e, mesmo com a introdução do IVA Zero, a carne continuou a diminuir nas cestas dos consumidores.
“Este impacto foi também sentido na carne de coelho, que, em termos de penetração nos lares portugueses, em finais de julho apresenta um indicador de 25,1% (-4,00 pontos percentuais face ao ano anterior)”, refere.
De acordo com a ASPOC, a mensagem central da campanha passou por recordar a diversidade, versatilidade e praticidade de receitas nas quais esta carne é a estrela principal, bem como os seus vários benefícios, potenciando a sua integração na alimentação quotidiana das famílias portuguesas”.
Neste âmbito, durante estes três anos, a campanha foi realizada com recurso a diferentes meios de comunicação: televisão, diversos meios digitais, presença em redes sociais (Instagram e Facebook), campanha de cinema, materiais de visibilidade nas principais cadeias de distribuição, tendo como embaixadora a apresentadora de televisão Fátima Lopes.
Outra das mensagens transmitidas pela ASPOC foi que a carne de coelho tem “uma importância fundamental para a sustentabilidade e preservação do meio ambiente”, sendo ainda alvo de um “rigoroso processo de produção europeu e de bem-estar animal”.
Segundo dados avançados pela associação, Portugal é o 5.º produtor europeu de carne de coelho, com uma produção total de 6.515 toneladas (peso líquido) em 2022, sendo que “a integração com Espanha (política de preços/comércio internacional/ programas de comercialização) faz da Península Ibérica o maior produtor de carne de coelho da Europa”.