Pelo segundo verão consecutivo, a seca paira sobre o Algarve. Empresários da agricultura, golfes ou hotelaria procuram soluções para fazer face à falta de água. O principal problema é o custo
Ali, naquela parte, as laranjeiras secaram no ano passado. O proprietário já as arrancou”, explica David Tereso Ferreira, enquanto aponta para uma zona sem qualquer árvore, apenas mato. “Este ano, foram estas que secaram”, continua, referindo-se às laranjeiras mais próximas, “a água não chegava para todas, foi preciso optar”. David, 35 anos, é o diretor de produção da empresa da família, a Frutas Tereso, especializada em citrinos. Entre o Algarve e o baixo Alentejo, a Frutas Tereso tem 350 hectares de pomares próprios, a que junta entre 500 a 600 hectares de parceiros, onde assume tanto a manutenção como a colheita. Anualmente comercializa uma média anual de 20 mil toneladas de frutos.
Este terreno é de um desses parceiros. Fica em Algoz, no concelho de Silves, uma das zonas do Algarve mais afetadas pela falta de água no Sul do país. “Desde janeiro que aqui não chove nada. São cinco meses”, diz, numa mistura de alarme com desalento. “Desde que estou na empresa, há 10 anos, que nunca se viu nada assim.” Para agravar a situação, com a aplicação das medidas de contenção devido à seca, há um ano que a água da Barragem da Bravura — antes usada também para rega — serve apenas para consumo humano. E “já há cerca de cinco anos que estão proibidos novos furos para captação”, acrescenta David. […]