|
|
|
|
[ Página inicial ] [ Directório ] [ AgroNotícias ] [ Pesquisar ] [ Opinião ] [ Dossiers ] [ Info ] [ Adicionar URL ] [ Novidades ] [ Mapa ] |
– 04-04-2004 |
[ Agroportal ] [ Nacional ] [ Internacional ] |
Agricultura Biológica : Um supermercado onde os clientes moem o trigoLisboa, 04 Mar Embora haja em Portugal algumas lojas de produtos biológicos, o supermercado de Figo Maduro, em Lisboa, é o único do país onde se pode comprar tudo o que há nos outros, desde legumes a carne ou comida para animais, produtos de higiene e beleza, bebidas e até roupa. Tudo menos peixe, porque não há peixe biológico. A grande diferença é que neste supermercado, resultado de uma cooperativa chamada Biocoop, só entram produtos sem pesticidas, sem herbicidas, sem fungicidas e sem qualquer outro tratamento, seja para matar ervas daninhas, seja para auxiliar o crescimento. Sem adubos químicos, o único produto de crescimento permitido é mesmo o tradicional estrume orgânico. O mercado dos produtos biológicos tem vindo a aumentar todos os anos, ainda que Portugal seja dos países mais atrasados da Europa nesta matéria, como reconhece Angelo Rocha, presidente da Biocoop. "Em Portugal, diz o governo que há 70 mil hectares de agricultura biológica, mas é mentira, há de facto o terreno mas nele não se produz nada", alertou, em declarações à Agência Lusa. A exemplificar a "insipiência" deste mercado em Portugal, o responsável lembra que só em Paris há quatro a cinco mercados onde se vendem apenas produtos biológicos, quando Portugal não tem um único. Em países como Itália, Espanha ou França há uma aposta dos governos na agricultura biológica, diz Angelo Rocha, que garante haver interesse por este mercado por parte dos consumidores, se bem que ainda haja quem pense que "agricultura biológica tem a ver com o vegetarianismo e com os hippies". No supermercado de Figo Maduro vende-se carne como em qualquer outro estabelecimento do género, só que provém de animais que foram criados sem ser com rações, de forma tradicional, "o que torna a carne mais saborosa", garante. É por isso que por norma os produtos de agricultura biológica são mais caros, como reconhece Angelo Rocha, nomeadamente os importados. Se fica mais barato, por exemplo, comprar ali avulso os cereais e legumes secos, já ficam mais caros os sumos, quase todos importados e feitos com frutos que não receberam qualquer tratamento químico. Um sumo de maçã custa 2.50 euros e um litro de vinho varia entre 2.65 e 4.5 euros, em média, sendo que também o vinho é quase todo importado. As frutas e legumes são nacionais e no supermercado faz-se também pão, quase mil pães por semana, com compra garantida. Quanto aos produtos de mercearia diz Angelo Rocha que são também quase todos importados, como o são os queijos, os leites, as manteigas e até iogurtes, "porque em Portugal não há quem os faça". Neste supermercado, como em qualquer outro, há também produtos de limpeza, de sabonetes a fraldas ou shampoos, mas igualmente tintas e vernizes, com o "bónus" de uma arquitecta dar semanalmente conselhos aos clientes sobre obras que estes estejam a pensar fazer. Comida para animais, roupa, livros ou medicamentos de venda livre são também produtos à venda num supermercado onde, como reconhece Angelo Rocha, os produtos importados são mais caros mas os nacionais por vezes até são mais baratos. "A Biocoop pode comprar coisas directamente e assim ter produtos mais baratos. Depois procuramos também organizar visitas de sócios a quintas, para acompanharem o processo de fabrico. A última teve 80 pessoas", explica. A Biocoop tem actualmente cerca de 1.600 sócios, que pagam 25 euros por ano, e no futuro quer construir um mercado de raiz, deixando as instalações acanhadas de Figo Maduro. Um novo espaço, maior e com possibilidades de outras iniciativas, é uma aspiração velha da Biocoop, uma cooperativa já com 11 anos. A antiga presidência da Câmara de Lisboa, da responsabilidade de João Soares, chegou a prometer mesmo um terreno para a Biocoop. "No ano passado os responsáveis actuais pela Câmara assumiram o compromisso de apoiar a Biocoop. Mas como estão a rever o PDM teremos de esperar seis meses para obter uma resposta", esclarece Angelo Rocha. O responsável não nega que esse é o seu sonho, e que quer no futuro um maior compromisso do governo na agricultura biológica, uma opção que ao contrário do que muitos pensam "não é nada de esquisito" mas tão só, diz, "uma questão de bom senso". É que, alem de os produtos serem mais saudáveis, porque criados de forma natural, quem os compra está também a viabilizar "hectares e hectares" de terreno sem qualquer tipo de químicos. Sem ser visionário, Angelo Rocha não tem dúvida: um futuro melhor, com melhor ambiente e menos poluição, passa pela agricultura biológica.
|
[ Página inicial ] [ Directório ] [ AgroNotícias ] [ Pesquisar ] [ Opinião ] [ Dossiers ] [ Info ] [ Adicionar URL ] [ Novidades ] [ Mapa ] |
|
Produzido por Camares ® – © 1999-2007. Todos os direitos reservados. Optimizado para o IE 5.#, resolução 800 x 600 e 16 bits |