Os principais sindicatos de agricultores franceses anunciaram um “cerco” a Paris a partir de segunda-feira, depois de hoje terem voltado a barricar várias estradas do país.
“Todas as principais estradas que conduzem à capital serão ocupadas pelos agricultores”, anunciaram hoje as duas maiores estruturas sindicais da classe, avançando com o anúncio de um protesto “por tempo indeterminado”, que irá começar às 14h00 (13h00 GMT) de segunda-feira.
Os agricultores protestam contra os baixos preços dos alimentos, o excesso de burocracia e lutam pela proteção contra as importações baratas que fazem concorrência aos os seus produtos.
Segundo a agência de notícias AFP, o movimento de contestação continua generalizado, com várias situações um pouco por todo o país, e os agricultores divididos entre os que se sentem satisfeitos e os que pretendem relançar o movimento após uma pausa.
Na sexta-feira, por exemplo, a autoestrada A9 foi encerrada num troço de 240 quilómetros muito utilizado por veículos pesados de mercadorias entre França e Espanha. A autoestrada voltou a estar acessível ao final do dia de hoje num troço que liga Montpellier (sul) à fronteira espanhola.
Já a autoestrada A64, onde um primeiro bloqueio de agricultores foi montado há dez dias numa localidade a sul de Toulouse (sudoeste), a circulação também foi retomada.
O primeiro-ministro francês Gabriel Attal apresentou medidas de emergência na sexta-feira, em deslocação ao sudoeste de França.
Entre outras medidas, o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, prometeu uma isenção fiscal sobre o gasóleo agrícola, o compromisso de negociar em Bruxelas a revogação da obrigação de deixar 4% das terras em pousio e a aceleração dos pagamentos da Política Agrícola Comum (PAC), da qual a França é o principal beneficiário, com 9 mil milhões de euros por ano.
O governante prometeu ainda que França não ratificaria o acordo de comércio livre entre a UE e o Mercosul.
Embora o Governo francês tenha garantido que não pretende enviar forças policiais para controlar os protestos, que considera pacíficos, registaram-se alguns episódios de violência, como incêndios em edifícios públicos.
Os protestos têm provocado lentidão no trânsito, com barricadas de fardos de palha e de resíduos agrícolas em frente aos gabinetes do Governo, em manifestações que se multiplicam em várias zonas do país, na primeira grande crise para o recém-empossado Gabriel Attal.