A África do Sul abateu cerca de 2,5 milhões de galinhas num esforço para conter dezenas de surtos de duas estirpes distintas de gripe das aves, ameaçando uma indústria já em dificuldades, informou hoje o governo sul-africano.
Mais de 205.000 galinhas morreram de gripe das aves em pelo menos 60 surtos distintos em todo o país, mais de metade dos quais na província de Gauteng, que inclui a maior cidade do país, Joanesburgo, e a capital administrativa, Pretória.
Algumas lojas pequenas de Joanesburgo começaram a limitar aos clientes a quantidade de ovos disponíveis para comprar durante esta semana – em alguns casos, disponibilizando apenas uma caixa de seis ovos – e o governo reconheceu já que há “restrições de fornecimento”.
O governo sul-africano está a acelerar a concessão de novas licenças de importação de ovos de outros países “para garantir aos consumidores um abastecimento suficiente”, anunciou o ministro da Agricultura, Thoko Didiza.
O ministério está também a considerar o lançamento de um programa de vacinação para travar os surtos de gripe das aves e disse que o número de explorações com casos está a aumentar.
A Namíbia proibiu a importação de carne de frango e ovos da vizinha África do Sul.
Segundo a Associação Sul-Africana de Avicultura, esta crise de surtos de gripe das aves é a pior desde 2017.
Wilhelm Mare, que dirige a secção relativa às aves de capoeira na Associação Veterinária da África do Sul, prevê que 8,5 milhões de galinhas poedeiras possam ser afetadas, bem como outras 2,5 milhões de galinhas utilizadas na produção de carne.
“Isto diz-me que vamos ter problemas com esta situação durante algum tempo”, afirmou Mare, citado pela agência Associated Press, qualificando-a de “catastrófica” para o setor.
Vários centros norte-americanos de Controlo e Prevenção de Doenças afirmaram no mês passado que os surtos de gripe das aves estão a aumentar a nível global, dando conta do registo de mais de 21.000 surtos em todo o mundo entre 2013 e 2022. A gripe das aves raramente infeta os seres humanos.
Os ovos são uma fonte de proteínas importante e acessível na África do Sul, mas os preços subiram constantemente este ano e a escassez causada pela gripe das aves deverá fazer subir novamente os preços e aumentar a inflação alimentar no país.
A indústria de carne de frango na África do Sul já foi duramente atingida este ano pela escassez de eletricidade, cujos apagões regulares para poupança de energia têm-se feito sentir na solvabilidade das empresas.
Os agricultores sul-africanos anunciaram em janeiro deste ano que tinham sido forçados a abater quase 10 milhões de pintos jovens, devido ao número recorde de apagões no início do ano registado pela economia mais avançada de África, provocando um abrandamento drástico da produção.