Presidente da Comissão Europeia
Ursula von der Leyen, Alemanha (PPE)
Ursula van der Leyen EPA
Aos 60 anos, a conservadora alemã que se iniciou tardiamente na actividade política, depois de décadas de prática clínica como ginecologista, está prestes a cumprir a sua grande ambição: exercer um cargo europeu, e logo o mais importante de todos. A antiga ministra da Família, do Emprego e Assuntos Sociais, e da Defesa nos sucessivos governos de Angela Merkel; amiga e grande aliada política da chanceler da Alemanha, será a primeira mulher a dirigir um executivo comunitário.
Vice-presidente e Alto Representante para a Política Externa
Josep Borrell, Espanha (S&D)
Josep Borrell EOA
A nomeação do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol para o cargo de Alto Representante da UE para a Segurança e Política Externa (e por inerência do cargo, vice-presidente da Comissão) foi negociada pelos líderes europeus na mesma cimeira de onde saiu o nome de Ursula von der Leyen. Aos 72 anos, Borrell assume a condução do Serviço de Acção Externa da UE, que está em risco de ver cair por terra uma das suas principais “conquistas” diplomáticas: o acordo nuclear com o Irão. Mas o veterano político catalão terá outras dores de cabeça para cumprir o seu mandato de “preservação da paz e manutenção da segurança internacional”, do Médio Oriente à América Latina.
Orçamento e Administração
Johannes Hahn, Áustria (PPE)
Johannes Hahn Paulo Pimenta
Um dos nomes mais experientes de Bruxelas, Johannes Hahn foi comissário responsável pela Política Regional na Comissão Barroso II (2010-2014), tendo assumido a pasta da Vizinhança e Alargamento da UE no executivo liderado por Jean-Claude Juncker. Nos próximos quatro anos terá a tutela dos Assuntos Internos e Migrações, um dos dossiers mais complexos e politicamente sensíveis.
Justiça
Didier Reynolds, Bélgica (RE)
Depois de ficar sem o primeiro-ministro em funções, Charles Michel, que foi eleito presidente do Conselho Europeu, o Governo da Bélgica perde agora o seu número dois, Didiers Reynolds, que assumira interinamente a liderança do executivo. Os chamados “eurocratas” conhecem bem este veterano governante francófono, que já chefiou os ministérios das Finanças e dos Negócios Estrangeiros. O seu primeiro desafio enquanto comissário do Orçamento será concluir as negociações do próximo Quadro Financeiro Plurianual para 2021-27, cujo montante global ainda não está determinado. Com mais necessidades de financiamento, fruto das novas políticas, e menos recursos, por causa da saída do Reino Unido, Bruxelas poderá aumentar o tecto das contribuições nacionais e desenhar novas medidas (como taxas) para arrecadar receitas próprias.
Inovação e Juventude
Mariya Gabriel, Bulgária (PPE)
Mariya Gabriel Reuters
Carlos Moedas deixa de legado à búlgara o maior envelope financeiro de sempre dedicado à Ciência, Investigação e Inovação. Aos 38 anos, quando se “transferiu” do Parlamento Europeu (onde por duas vezes foi distinguida como a “eurodeputada do ano”) para a Comissão em 2017, após a saída da vice-presidente Kristalina Georgieva de Bruxelas para os Estados Unidos, Mariya Gabriel tornou-se a mais jovem comissária de sempre, com a pasta da Economia e Sociedade Digital. O primeiro-ministro búlgaro, Boiko Borisov, manteve a confiança na , para quem reclamou maior visibilidade.
Saúde
Stella Kyriakides, Chipre (PPE)
Stella Kyriakides Parlamento Europeu
Até agora, a deputada cipriota tinha no seu currículo europeu o cargo de presidente da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa. A partir de Novembro, será a comissária para a Saíde— uma escolha sem dúvida baseada na sua formação como psicóloga clínica e na sua experiência de três décadas como funcionária do ministério da Saúde, e também activista e legisladora na mesma área. No Chipre, era o braço direito do Presidente, Nicos Anastasiades, mas vista como uma figura moderada e que raramente exprime opiniões muito fortes. Mas em 2018 foi defensora da lei para a descriminalização do aborto.
Democracia e Demografia
Dubravka Suica, Croácia (PPE)
Dubravka Suica DR
A antiga autarca da cidade de Dubrovnik, vice-presidente do partido da União Democrática (HDZ) e vice-presidente do Partido Popular Europeu, não vai ter grandes recordações do seu segundo mandato como eurodeputada: ao fim de três meses de trabalho, troca o Parlamento Europeu pela Comissão Europeia, e quebra uma das regras não escritas que passava por não atribuir o pelouro do Alargamento a um país com fronteiras com os candidatos à adesão. Enquanto eurodeputada, Suica pertenceu ao influente comité dos Assuntos Externos e integrou as delegações para as relações com o Kosovo e a Bósnia Herzegovina. É uma apoiante da actual política de inclusão dos Balcãs Ocidentais na UE, embora defenda condições restritas para a entrada da Sérvia no clube.
Vice-presidente executiva para o Digital
Margrethe Vestager, Dinamarca (RE)
Margrethe Vestager Reuters
A permanência da dinâmica Margrethe Vestager em Bruxelas nunca esteve em causa, apesar de não pertencer a nenhum dos dois partidos que estiveram no poder da Dinamarca durante o processo de nomeações para os cargos da UE. A política liberal foi recompensada pelo seu país pelo trabalho desenvolvido como comissária da Concorrência, e foi reconhecida por Ursula von der Leyen pelo facto de ter sido uma das cabeças de lista (Spitzenkandidaten) das eleições de Maio. No seu segundo mandato, poderá prosseguir a sua luta contra os gigantes tecnológicos que levou o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a apelidá-la de “tax lady”.
Relações Interinstitucionais e Prospectivas
Maros Sefcovic, Eslováquia (S&D)
Maros Sefcovic EPA
O actual vice-presidente e responsável pela União da Energia, Maros Sefcovic quase deixou a Comissão Europeia em Março, mas a sua derrota na segunda volta das eleições presidenciais da Eslovénia manteve-o em Bruxelas. O socialista definiu como objectivo para o seu segundo mandato no executivo comunitário permanecer no “círculo restrito” da presidente da Comissão.
Gestão de Crises
Diplomata de carreira, Janez Lenarcic era o único candidato a comissário que não estava ligado a nenhuma das famílias políticas europeias. Mas o ex-Representante Permanente da Eslovénia na União Europeia fez entretanto saber que se considerava um liberal, no mesmo molde dos membros da bancada Renovar Europa.
Energia
Kadri Simson, Estónia (RE)
Kadri Simson DR
Dentro do executivo comunitário, nenhuma direcção-geral é maior do que aquela que sustenta o Desenvolvimento e Cooperação, com serviços em mais de uma centena de países terceiros. É essa “máquina” que Kadri Simson agora vai supervisionar, quando tomar posse como comissária.
A ministra dos Assuntos Económicos e Infraestruturas (entre 2016 e 2019) ainda foi nomeada pelo seu Governo para a actual Comissão, após a saída, em Maio, do do vice-presidente para o Mercado Único Digital, Andrus Ansip, que foi eleito para o Parlamento Europeu. O presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, manifestou-se contra a nomeação de um novo comissário por um prazo de três meses, e disse que não lhe atribuiria nenhum pelouro. O Governo de Talin decidiu manter o lugar vago, para que Kadri Simson tivesse tempo para se familiarizar com o dossier que lhe foi atribuído por Ursula von der Leyen. Queria a energia ou o mercado interno ou transportes.
Parcerias Internacionais
Jutta Urpilainen, Finlândia (S&D)
Jutta Urpilainen, à esquerda Reuters
Ao longo das negociações para a distribuição dos cargos de topo da UE, houve sempre nomes finlandeses apontados como bons candidatos para o exercício de funções de gestão da política monetária e orçamental, ou de regulação dos mercados financeiros. A pasta mais disputada da Comissão acabou por calhar a Jutta Urpilainen, a antiga presidente do Partido Social Democrata da Finlândia que foi ministra das Finanças e vice primeira-ministra do país entre 2011 e 2014, e posteriormente assumiu o mandato de deputada no Parlamento de Helsínquia.
Mercado Interno
Sylvie Goulard, França (RE)
Sylvie Goulard Reuters
Tal como a presidente da Comissão Europeia, a comissária francesa ocupou o cargo de ministra da Defesa no seu país — mas apenas por um mês. E como a sua nova colega Elisa Ferreira, era agora vice-governadora do Banco de França, tendo antes sido membro do Parlamento Europeu. Aos 54 anos, é uma entusiasta e indefectível apoiante do Presidente de França. Emmanuel Macron, que desde cedo nas negociações apontou o dedo a duas pastas: Mercado Interno ou Concorrência. As duas são essenciais para a política de promoção de “campeões europeus” que é defendida Tal como a presidente da Comissão Europeia, a comissária francesa ocupou o cargo de ministra da Defesa no seu país — mas apenas por um mês. E como a sua nova colega Elisa Ferreira, era agora vice-governadora do Banco de França, tendo antes sido membro do Parlamento Europeu. Aos 54 anos, é uma entusiasta e indefectível apoiante do Presidente de França. Emmanuel Macron, que desde cedo nas negociações apontou o dedo a duas pastas: Mercado Interno ou Concorrência. As duas são essenciais para a política de promoção de “campeões europeus” que é defendida tanto por Paris como Berlim.
Protecção do Modo de Vida Europeu
Margaritis Schinas, Grécia (PPE)
O novo comissário conhece bem os cantos do Berlaymont, tendo desempenhado a função de porta-voz do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, durante os quatro anos do seu mandato. Mas Schinas tem quase três décadas de experiência em Bruxelas, tendo passado por vários departamentos da máquina comunitária e ocupado vários cargos, incluindo de conselheiro político da Comissão de José Manuel Durão Barroso e de eurodeputado eleito pelo Partido da Nova Democracia.
Vice-presidente executivo para o Clima
Frans Timmermans, Holanda (S&D)
Frans Timmermans Reuters
O primeiro vice-presidente da anterior Comissão fica agora com responsabilidades acrescidas e o novo título de vice-presidente executivo para o Clima — e a missão de produzir um novo “Green Deal” europeu no prazo de cem dias. Essa foi uma das principais promessas de Ursula von der Leyen. Timmermans foi o cabeça de lista dos Socialistas Europeus nas eleições de Maio, e esteve à beira de ser escolhido pelos líderes europeus para a presidência da Comissão, tendo sido travado pelos líderes do grupo de Visegrado e o anterior vice primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini.
Política de Vizinhança e Alargamento
Laszlo Trocsanyi, Hungria (PPE)
Laszlo Trocsanyi DR
Apesar de não militar no partido Fidesz, a carreira política do novo comissário foi feita ao lado do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán: entre 2014 e 2019, foi o ministro da Justiça que definiu grande parte das leis que Bruxelas contesta ao abrigo do seu procedimento contra a Hungria por violação do artigo 7.º do Tratado Europeu. Nas últimas eleições de Março, foi eleito para o Parlamento Europeu, onde foi montado um chamado “cordão sanitário” para impedir a eleição de membros populistas e nacionalistas para cargos de influência. Ao abrigo desse princípio, vários eurodeputados já prometeram opôr-se à nomeação de Trocsanyi como comissário.
Comércio
Phil Hogan, Irlanda (PPE)
Phil Hogan Reuters
Conhecido em Bruxelas como “Big Phil”, o actual comissário da Agricultura terá pela frente um desafio à sua altura ao assumir a pasta do Comércio. O cenário não podia ser mais instável, com uma guerra comercial global em perspectiva, nem o contexto dificilmente poderia ser mais delicado, com as exportações da União Europeia debaixo de ameaça de uma subida de tarifas dos Estados Unidos e uma guerra guerra comercial global. Hogan será o porta-voz da UE nas negociações internacionais, como por exemplo para a reforma da Organização Mundial do Comércio. Será também o interlocutor do Reino Unido nas futuras negociações de um tratado comercial, após o “Brexit”.
Economia
Paolo Gentiloni, Itália (S&D)
Ao propor o nome do antigo primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros e das Comunicações, de 64 anos, para a Comissão Europeia, a nova coligação de Governo 5 Estrelas/Partido Democrático elevou imediatamente a hipótese de arrecadar uma pasta importante na futura Comissão — e não apenas por causa das credenciais políticas de Gentiloni e da sua reputação de “smooth operator”. Como Von der Leyen, o poliglota Paolo Gentiloni pertence a uma conhecida família aristocrata, mas essa não será a única afinidade entre os dois: são ambos ferozes combatentes da vaga populista que assola a política europeia.
Energia
Valdis Dombrovskis, Letónia (PPE)
Valdis Dombrovskis Wikimedia
O antigo primeiro-ministro letão, deixa a pasta do Euro e do Diálogo Social que conduziu durante os anos pesados em que a moeda única esteve permanentemente debaixo de crise. Conhecido pelo seu estilo sóbrio e disciplinado.
Ambiente e Oceanos
Virginijus Sinkevicius, Lituânia (Verdes)
Virginijus Sinkevicius Wikimedia
O jovem ministro da Economia e Inovação da Lituânia, de 28 anos, será o segundo comissário que pertence aos Verdes, embora as suas ideias políticas não estejam totalmente em consonância com as da sua família europeia.
Emprego
Nicolas Schmit, Luxemburgo (S&D)
A nomeação de Nicolas Schmit, o eurodeputado socialista que já foi ministro do Trabalho e da Economia Social, fez parte das negociações para a construção de uma coligação de governo, incluída no pacote de distribuição de cargos de topo após as eleições legislativas de Outubro de 2018.
Igualdade
Helena Dalli, Malta (S&D)
Helena Dalli Wikimedia
A ministra para os Assuntos Europeus e a Igualdade foi, durante foi, entre 2013 e 2017, ministra do Diálogo Social, dos Consumidores e das Liberdades Civis do Governo de Malta. Tem 56 anos.
Agricultura
Janusz Wojciechowski, Polónia (CRE)
A audição no Parlamento Europeu para a confirmação do candidato polaco poderás das mais conturbadas. Na véspera do anúncio da nova Comissão, o Gabinete Europeu Anti-Fraude (OLAF, na sigla em inglês) confirmou que está correr um inquérito por alegadas irregularidades nos desembolsos de despesas incorridas por Janusz Wojciechowski durante o seu mandato como eurodeputado (entre 2004 e 2016) eleito pelo PiS. Em causa estão cerca de 11 mil euros recebidos a título de despesas de transporte para os quais não foram apresentados justificativos. O agora juiz do Tribunal de Contas Europeu desculpou-se com um “erro administrativo” e devolveu o dinheiro ao Parlamento Europeu.
Política de Coesão e Reformas
Elisa Ferreira, Portugal (S&D)
Elisa Ferreira Adriano Miranda
Apesar de ter sido o primeiro país a propor oficialmente dois candidatos (um homem e uma mulher) para a Comissão Europeia, o primeiro-ministro, António Costa, assumiu como sua e não de Ursula von der Leyen a opção por Elisa Ferreira. Aos 63 anos, a antiga ministra e eurodeputada, que era actualmente vice-governadora do Banco de Portugal, regressa a Bruxelas para gerir a distribuição dos fundos comunitários.
Valores e Transparência
Vera Jourova, República Checa (RE)
A atribuição da pasta do Estado de Direito à ainda comissária da Justiça será uma maneira de Ursula von der Leyen demonstrar que em Bruxelas não há nenhuma animosidade e muito menos “perseguição” aos países de Visegrado: será uma representante deste grupo informal que conduzirá os processos de infracção actualmente em curso contra a Polónia e a Hungria por violação do artigo 7º. Este pelouro era dos menos populares, por ser dos menos influentes em termos legislativos, e por ser dos mais desconfortáveis em termos do relacionamento com os Estados membros. Mas a área de intervenção de Jourova será alargada para abranger o combate ao discurso de ódio, as fake news e à desinformação, que são temas que já constavam na sua agenda durante o actual mandato.
Transportes
Rovana Plumb, Roménia (S&D)
Rovana Plumb DR
O nome da eurodeputada e antiga ministra do Ambiente da Roménia foi o último a ser confirmado por Ursula von der Leyen, que teve à disposição outras escolhas submetidas pelo Governo de Bucareste. Mas todos os candidatos romenos estavam mais ou menos envolvidos em polémica. O Presidente do país, Klaus Iohannis, disse que não concordava com nenhuma das propostas da primeira-ministra, Viorica Dancila. Segundo a imprensa romena, Von der Leyen também não terá ficado encantada com as duas opções que recebeu, mas acabou por aceitar a nomeação de Plumb para garantir a paridade da sua equipa.
Assuntos Internos
Ylva Johansson, Suécia (S&D)
Ylva Johansson DR
De ministra do Emprego em Estocolmo, para comissária do Emprego em Bruxelas.
Reino Unido
Julian King pode ter sido o último comissário europeu do Reino Unido. O Governo britânico não indicou um nome para preencher o colégio de comissários que toma posse a 1 de Novembro por pretender concretizar o “Brexit” a 31 de Outubro.
Julian King, à esquerda EPA
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