Os agricultores polacos começaram hoje a bloquear um importante posto fronteiriço com a Alemanha, em Slubice, para protestar contra as regras europeias e as importações de produtos de fora da União Europeia (UE), segundo a agência France-Presse (AFP).
“O bloqueio começou às 13:00 [locais, 12:00 em Lisboa). As duas vias da autoestrada A2 estão cortadas”, disse à AFP Ewa Murmylo, porta-voz da polícia local.
Os agricultores tinham previsto, inicialmente, 25 dias de bloqueio, mas, depois de contactos com a população local, homens de negócios e transportadoras, decidiram “desbloquear a passagem provavelmente amanhã [segunda-feira]”, indicou Dariusz Wrobel, um dos organizadores do movimento.
“Isso dependerá de coisas que não podemos prever”, acrescentou, sublinhando ser necessário serem “levados a sério”, na véspera do Conselho de Ministros da Agricultura da UE, que decorre na segunda-feira em Bruxelas.
Os agricultores protestam “contra o Pacto Verde europeu”, pedindo também que se controlem “as importações dos produtos agroalimentares provenientes de fora da UE” e que se cuide da produção agrícola”.
Segundo Dariusz Wrobel, os agricultores polacos “identificam-se” com o conjunto do movimento de protesto por todo o continente europeu.
Os protestos de agricultores têm ocorrido há várias semanas na Polónia, com agricultores a bloquear estradas em todo o país e passagens de fronteira com a Ucrânia.
A Polónia tem estado entre os maiores apoiantes da Ucrânia desde o lançamento da ofensiva russa em fevereiro de 2022, mas as relações deterioraram-se nos últimos meses por disputas comerciais. Em causa está, em particular, a abertura, por Bruxelas, das fronteiras europeias aos produtos agrícolas ucranianos, que, segundo aos agricultores polacos, não cumprem as normas da UE.
Também foram registados casos isolados de produtos agrícolas ucranianos despejados em estradas ou vias férreas perto da fronteira entre a Polónia e a Ucrânia.
Na sexta-feira, o Governo polaco disse à AFP que Varsóvia e Kiev estavam “longe de um acordo” sobre a importação de produtos agrícolas ucranianos.
O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmygal, por seu lado, declarou que a Ucrânia reservava “o direito de aplicar medidas retaliatórias”.
A Polónia incluiu os pontos de passagem com a Ucrânia na lista de “infraestruturas críticas” para evitar perturbações que possam afetar a entrega de ajuda militar e humanitária a este país.