O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) português, João Gomes Cravinho, classificou hoje a decisão russa de colocar um fim ao acordo de exportação de cereais da Ucrânia como “um atentado contra os interesses comuns da humanidade”.
“A decisão russa de interromper a exportação de cereais da Ucrânia através do Mar Negro é mais um atentado contra os interesses comuns da humanidade. A instrumentalização da fome, pois é disso que se trata, demonstra a desumanidade que norteia a política do Kremlin [Presidência russa]”, escreveu o chefe da diplomacia portuguesa, na sua conta na rede social Twitter.
Na segunda-feira, a Rússia anunciou que iria suspender o acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro a partir de portos ucranianos, argumentando que os compromissos assumidos em relação à parte russa não foram cumpridos.
Diversos países e organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas e a União Europeia (UE), condenaram a decisão de Moscovo, lamentando o recuo russo face à prorrogação da Iniciativa dos Cereais do Mar Negro e alertando para as graves consequências junto de países com dificuldades de acesso a bens alimentares.
Também na segunda-feira o primeiro-ministro português, António Costa, reagiu à decisão de Moscovo, alertando que a suspensão do acordo de cereais por parte da Rússia era uma “muito má notícia” que pode levar a uma “crise alimentar à escala global”.
“[Foi] muito mal recebida, todos têm a noção de que esse acordo é uma condição fundamental para evitar uma crise alimentar à escala global”, sustentou na ocasião António Costa, em declarações aos jornalistas, durante uma interrupção dos trabalhos da cimeira da UE com os países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), em Bruxelas.
Assinado no verão de 2022 em Istambul pela Ucrânia e pela Rússia, sob a mediação da ONU e da Turquia, o acordo abrange os cereais ucranianos e a exportação de fertilizantes e de produtos alimentares russos.
Segundo dados das Nações Unidas, desde que o acordo entrou em vigor, perto de 33 milhões de toneladas de cereais foram escoados a partir dos portos do sul da Ucrânia.