O Governo da Polónia admitiu hoje que Varsóvia e Kiev estão “longe de um acordo” sobre as importações de produtos agrícolas ucranianos bloqueados na fronteira comum devido aos protestos dos agricultores polacos.
A atual situação “não nos permite dizer que exista uma solução satisfatória para a parte polaca ou agricultores polacos. Estamos longe desse acordo”, afirmou, em declarações à agência noticiosa AFP, Jan Grabiec, chefe de gabinete do primeiro-ministro polaco, após o primeiro-ministro ucraniano, Denys Chmygal, se ter deslocado a um posto fronteiriço com o objetivo de se reunir com responsáveis polacos.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, enviou hoje Denys Chmygal à vizinha Polónia para tentar encontrar uma solução para a atual crise entre os dois países, mas acabou por não ocorrer qualquer encontro com responsáveis polacos.
“Infelizmente, não existe até ao momento qualquer proposta ucraniana que permita esperar uma saída do impasse em que se encontram as relações comerciais”, prosseguiu Grabiec.
“No atual momento, uma reunião deste género (…) não tem qualquer sentido para nós”, acrescentou, ao ser questionado sobre a ausência da parte polaca no fracassado encontro na fronteira comum com o primeiro-ministro ucraniano.
E concluiu: “Não existem soluções mutuamente satisfatórias e é inútil organizar uma reunião para confirmar que não existe compromisso”.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, recordou que está prevista para 28 de março em Varsóvia, “como acordado”, uma reunião entre os Governos polaco e ucraniano.
O chefe do Governo polaco assegurou que se mantém em “contacto permanente” com o seu homólogo ucraniano.
Os protestos de agricultores decorrem há várias semanas na Polónia, com bloqueios de estradas e de postos fronteiriços com a Ucrânia.
Segundo os agricultores polacos, o afluxo de produtos ucranianos, autorizado por Bruxelas, provocou uma queda dos preços nos mercados, para além de não respeitarem as normas da União Europeia (UE).
A Polónia inclui-se entre os mais importantes apoiantes da Ucrânia desde o início da ofensiva russa em fevereiro de 2022, mas as suas relações degradaram-se nos últimos meses devido ao atual contencioso.