A Teff surge como uma opção vantajosa na produção de forragens em Portugal, graças ao seu baixo consumo de recursos, resistência e capacidade para múltiplos cortes anuais. Esta gramínea, introduzida em Portugal pela Lusosem, pode representar uma alternativa rentável na atividade pecuária do país.
Nos campos agrícolas de Portugal, uma nova cultura tem despertado o interesse dos produtores: o Teff (Eragrostis tef), uma gramínea versátil da família das Poaceae. Com baixo consumo de água e fertilizantes, altos níveis de produção e qualidade, e a capacidade de múltiplos cortes anuais, o Teff emerge como uma promissora opção na produção de forragens, especialmente durante os meses de primavera e verão.
A necessidade de maximizar a produção de alimentos para animais tornou-se crucial para a rentabilidade da atividade pecuária em Portugal. “As sementes de forragens emergem como um dos segmentos aos quais a Lusosem tem dedicado especial atenção, reconhecendo que uma dieta animal baseada em forragens de gramíneas e leguminosas desempenha um papel cada vez mais crucial na produção de leite e carne”, explica Filipa Setas, do Departamento de Desenvolvimento Técnico da Lusosem. Para otimizar todo o potencial produtivo, é fundamental alimentar o efetivo pecuário com programas nutricionais que incluam forragens de alta qualidade, as quais se destacam como uma excelente fonte de proteína tanto em quantidade quanto em qualidade. Em termos de sustentabilidade económica, o agricultor poderá aumentar os rendimentos obtidos investindo na produção de proteína na sua própria exploração, recorrendo a sementes de elevada qualidade.
Neste contexto, a Lusosem, apoiada no seu parceiro Barenbrug, e considerando equilíbrios de factores como número de cortes, intensividade, exigências edafo-climáticas, objetivos, digestibilidade, investimento, tem vindo a reforçar o seu catálogo de forragens que contém desde azevéns estremes a misturas com leguminosas e gramíneas. Barspectra II ou Bartigra: azevém anual estreme; Green Spirit I: azevém anual + azevém italiano diploide; ProtaPlus: azevém anual + trevos; LSM Grass Sativa, LSM Grass Aveia e a LSM Grass Triticale; LSM Strong Grass: aveia, triticale e azevém; Protafix: mistura de quatro trevos anuais.
O crescimento do portefólio de forragens da Lusosem é sempre acompanhado por um extenso trabalho de campo onde são realizados ensaios que permitem comprovar a eficácia das soluções quando aplicadas às condições edafoclimáticas do país. Concluído este processo, inicia-se a comercialização, um processo sempre desempenhado pela equipa comercial e técnica, que presta total apoio aos agricultores para encontrarem alternativas na produção de forragens mais adaptadas a cada condicionalismo. “A equipa da Lusosem marca presença no acompanhamento agronómico, ao longo do ciclo da cultura e após a colheita, amostrando, analisando e colocando ao dispor do produtor todo o perfil nutricional da silagem produzida”, sublinha Filipa Setas.
Teff, uma forragem promissora
Neste âmbito, a Lusosem introduziu no mercado nacional a cultura de Teff, com a mistura Moxie desenvolvida pelo seu parceiro Barenbrug, como uma ferramenta vital na produção de forragens, visando dar resposta à procura do mercado por produções rentáveis e particularmente para o período primavera–verão. Originária da Etiópia, onde é amplamente utilizada para a produção de grãos, o Teff destaca-se como uma planta adaptável a uma variedade de solos e condições climáticas. Resistente à escassez de água e a temperaturas elevadas, a Teff é uma escolha atraente para os agricultores que procuram culturas resilientes face às alterações climáticas. A Teff é uma planta C4, autopolinizante, intermédia entre planta de climas tropicais e de climas temperados. Sendo uma planta sensível às variações de fotoperíodo, no início do outono reduz fortemente a sua atividade, acabando por terminar o seu ciclo.
O sucesso na agricultura portuguesa não vem sem desafios. A sementeira é o ponto crítico, requerendo cuidados específicos devido ao tamanho minúsculo das sementes (2,9 milhões de sementes/kg) e à necessidade de um solo bem preparado. Além disso, as condições ideais de temperatura e humidade devem ser mantidas para garantir uma germinação bem-sucedida. Durante o seu ciclo vegetativo, a Moxie é sensível à geada, requerendo temperaturas acima de 18 °C para um desenvolvimento ótimo e com uma temperatura mínima de 12 °C. No entanto, uma vez estabelecida, a planta demonstra uma notável tolerância à falta de água, embora a disponibilidade hídrica adequada seja fundamental para o seu crescimento e produção ideais. As necessidades hídricas totais estão fortemente dependentes da região, do solo e do número de cortes, no entanto, e tendo como base a experiência em Portugal nos últimos dois anos, devem ser assegurados entre 25 e 40 mm por semana para níveis de produtividade totais entre 13 e 18 toneladas de matéria seca em três a cinco cortes ao longo do ciclo (abril/maio a meados de setembro).
A fertilidade do solo também desempenha um papel crucial no cultivo da Moxie, com necessidades nutricionais específicas, especialmente em relação ao azoto, com necessidades totais da cultura ao longo de todo o ciclo de 80 a 100 unidades deste elemento, preferencialmente repartidas ao longo do ciclo. Neste sentido, a equipa técnica da Lusosem está sempre atenta às necessidades de adubação para maximizar o potencial produtivo da cultura.
Quanto à colheita, é recomendado realizar entre três e cinco cortes por ciclo, evitando que a planta entre na fase de espigamento, o que comprometeria a qualidade e a produtividade da forragem. A Moxie pode ser utilizada tanto para pastoreio direto quanto para a produção de feno de alta qualidade, apresentando altos níveis de proteína e excelente palatabilidade para o gado.
Segundo Manuel Laureano, diretor comercial da Lusosem, “apesar de ser uma cultura ainda com níveis de utilização em Portugal relativamente reduzidos, a Lusosem acredita ser uma cultura que pode e deve ser considerada como uma alternativa relevante na produção anual de forragens, como tem sido comprovado nas duas últimas campanhas. Os níveis de qualidade e produtividade potenciais associados a níveis de consumo de fertilizantes e água mais baixos constituem um cenário que pode ser particularmente relevante no quadro atual da produção de alimentos para animais”.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.