Inflação elevada, falta de matéria-prima, custos de energia e transporte a crescer são fatores disruptivos, fruto da globalização, da pandemia e da guerra, com forte impacto nos mercados. Capacidade de reinvenção e maior proximidade nas cadeias alimentares para garantir aprovisionamento são desafios a que os empresários agrícolas terão que dar resposta a curto prazo
“Não podemos ter um continente que depende de terceiros para questões alimentares e energéticas”, aponta José Luís Garcia-Palacios Álvarez. O presidente da Caja Rural Del Sur falava durante o debate ‘Riscos e desafios para a cadeia agroalimentar’, que abriu os trabalhos do Seminário Agroalimentar Portugal, que decorreu hoje em Santarém. Na sua opinião, a pandemia e a guerra provocaram repercussões globais que afetam fortemente os negócios no setor agroalimentar, que já anteriormente se debatiam com problemas como a falta de matérias-primas e os custos energéticos, que encarecem o produto final, a que se junta agora uma inflação a bater valores recordes. “É preciso ser capaz de reinventar”, defende, uma vez que o sector agrícola é fundamental para a sobrevivência dos países. Uma opinião partilhada por António Nunes, CEO da Treemond e representante da Lisbon Agri Conferences. “É fundamental que o sector crie riqueza, o que só é possível através do conhecimento”.
Os sinais de disrupção que já se observavam antes do início do conflito na Ucrânia obrigam, na perspetiva de António Nunes, a repensar as cadeias alimentares que, acredita, “terão que estar mais próximas dos mercados que abastecem para garantir o aprovisionamento, reduzir custos e tornar as operações mais eficientes e sustentáveis”. Em simultâneo, este modelo permite reduzir a dependência que a Europa tinha, e ainda tem em alguns casos, de mercados longínquos como a China ou a índia. “Não há economias fortes sem uma agricultura forte”, salienta.
A par com os desafios que estão a mudar o panorama do sector agrícola, Juan Pérez Gálvez, aponta as mudanças nos hábitos de consumo – muitas delas fruto da pandemia – e a […]