O secretário regional da Agricultura dos Açores afirmou hoje que a indústria de laticínios da região tem de se aliar à ciência, defendendo que não pode continuar a apostar em produtos de baixo valor como leite em pó.
“Não podemos continuar a ter, nos Açores, 25% dos 650 milhões de litros de leite de produção, a transformar-se em leite em pó. É um prejuízo. Temos uma matéria-prima de excelência”, afirmou o titular da pasta da Agricultura nos Açores, António Ventura.
O governante falava aos jornalistas à margem de uma visita ao Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira (Terinov), onde está instalado o Laboratório de Inovação em Produtos Lácteos, explorado por investigadores da Universidade dos Açores.
Segundo António Ventura, é preciso aliar produção, transformação e ciência, para “identificar as linhas objetivas de investigação” que podem ser desenvolvidas com os produtos lácteos dos Açores.
“Não somos uma região rica, mas temos de utilizar os recursos naquilo que objetivamente queremos, ou seja, na transformação e na diversificação láctea. Precisamos de criar uma agenda para a diversificação. Precisamos de sentar a indústria, a produção e a investigação para se encontrar efetivamente essas mesmas linhas”, frisou.
O governante disse que as tutelas da Agricultura e da Ciência do Governo Regional vão convidar a indústria e as cooperativas de laticínios a estabelecerem um diálogo com a academia açoriana, para que possam ter conhecimento da investigação que se faz no Terinov e também propor o desenvolvimento de novos produtos.
“Penso que a indústria terá todo o interesse em nos indicar quais são as suas linhas de investigação, porque ela própria é confrontada com novas exigências dos consumidores”, afirmou, alegando que é preciso ir de encontro às novas sensibilidades dos consumidores “mais atentos à questão da sustentabilidade”.
António Ventura assegurou que os custos de experimentação de novos produtos lácteos no Laboratório de Inovação em Produtos Lácteos serão suportados pelo Governo Regional.
“Se um privado tem uma ideia de criatividade na produção de um lácteo, de um queijo, de um probiótico, nesse âmbito da diversificação, entrega aqui a sua ideia, entrega aqui o seu projeto, é analisado e aqui fazemos a experimentação. Sai daqui o produto final para que esse mesmo privado possa produzir e estes custos são suportados por nós”, avançou.
Os produtores de leite dos Açores têm reivindicado o aumento do preço pago à produção.
Na semana passada, os produtores da ilha Terceira saíram à rua numa marcha lenta, com cerca de uma centena e meia de carrinhas e tratores agrícolas, em protesto pelo preço do leite e da carne.