A reciclagem de papel e madeira impulsionada por empresas da Fileira do Pinho contribui para alcançar as metas nacionais e para colmatar o défice de madeira de pinho.
Em 2023, a Fileira do Pinho reciclou 312 mil toneladas de resíduos de madeira e 194 mil toneladas de papel. Relativamente a 2022, verificou-se um aumento de 3% dos resíduos de madeira e uma redução de 8% no papel. No entanto, a tendência dos últimos anos e, certamente de futuro, é um aumento acentuado da incorporação de reciclados no fabrico de novos produtos derivados do pinheiro-bravo e vários associados do Centro PINUS estão a realizar investimentos nesse sentido.
De desperdício a produto de valor acrescentado
Na Fileira do Pinho, a bioeconomia circular é já o “business as usual” de muitas empresas. Para colmatar a escassez de madeira de pinho as empresas investiram em várias soluções e a reciclagem tem sido uma das apostas. O setor do papel de embalagem, que não dispensa a fibra longa de pinho para dotar o papel de resistência, foi um dos que fez esse caminho que teve início em 1987. Hoje, a DS Smith Paper Viana é o maior reciclador nacional de papel. Um dos produtos desta empresa, o kraftliner, incorpora até 50% de fibra reciclada.
O papel recuperado é proveniente de Resíduos Sólidos Urbanos (ecopontos), grandes superfícies e empresas de produção de cartão. Em Portugal recuperam-se cerca de 800.000 toneladas de papel usado por ano e cerca de 200.000 toneladas são consumidas na DS Smith Viana.
No setor dos painéis de madeira, a evolução da reciclagem também tem sido notável. A criação e investimento numa rede de centros de recolha e triagem dedicados tem sido a solução encontrada por empresas associadas do Centro PINUS, como a Sonae Arauco e a Luso FINSA, que têm contribuído para que resíduos de madeira, como móveis usados, estruturas de madeira danificadas ou embalagens de madeira, sejam resgatados de destinos menos nobres.
“No curto-médio prazo e, como resultado dos investimentos que já temos planeados, acreditamos poder aumentar substancialmente os níveis de incorporação de madeira usada nos nossos produtos”, explica Tiago Almeida, responsável florestal da Luso FINSA. “A parceria reforçada entre produtores, gestores e transportadores ligados à empresa está na origem da cadeia de valor sustentável para a madeira usada”, acrescenta.
Também a Sonae Arauco anunciou, recentemente, o investimento em duas novas unidades de reciclagem de madeira que irão complementar os três centros já existentes em Portugal com o objetivo de aumentar a recolha de madeira nos centros de reciclagem em 60% até 2034. No comunicado divulgado, na passada terça-feira, o CEO Rui Correia explica que, “esta aposta incluirá a aquisição de equipamentos para os centros de reciclagem e para as unidades industriais, garantindo maior eficiência no processamento de resíduos de madeira e aumentando a capacidade de incorporar uma quantidade superior de madeira reciclada nas soluções de aglomerado de partículas”.
Os últimos dados disponibilizados pela Agência Portuguesa de Ambiente*, estimam que, pelo menos 53% da madeira que chega ao circuito de resíduos urbanos (aproximadamente 64 628 toneladas), seja depositada em aterro ou queimada em centrais de valorização energética.
No futuro, esta realidade terá de mudar radicalmente e estas empresas serão um dos catalisadores dessa mudança.
Fonte: Centro PINUS