O município de Mêda, no distrito da Guarda, vai tomar medidas “efetivas, objetivas e concretas” para reduzir os consumos de água e minimizar os efeitos da seca no território, disse hoje à agência Lusa o seu vice-presidente.
Segundo o autarca César Figueiredo, a Câmara Municipal de Mêda está “muito preocupada” com a falta de água no território e vai “iniciar diligências para acautelar uma necessidade que vai ser emergente nos próximos meses”.
“Vamos ter um problema grave nas próximas semanas, até por força das notícias do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que nos dizem que as próximas semanas serão de seca e que a probabilidade de haver alguma água será em março e abril. Por isso, nós vamos ter necessariamente um problema, não somente nestes dois meses, mas também durante o período do verão”, disse o responsável.
Perante a situação, informou que a autarquia vai tomar medidas “efetivas, objetivas e concretas” para reduzir o consumo e evitar desperdícios de água.
César Figueiredo disse à Lusa que o município já tomou diligências “para evitar o uso da água nos jardins, em termos de rega” e a lavagem das viaturas será apenas realizada no que “for estritamente necessário”.
Também serão eliminadas, provisoriamente, as condutas de água da rede pública direcionada para os fontanários, enquanto às associações e às Juntas de Freguesia que tenham água gratuita serão dadas indicações para que haja “uma redução efetiva” nos consumos.
O vice-presidente da autarquia de Mêda adiantou que os produtores pecuários do concelho já denotam dificuldades na alimentação dos animais e o município “vai ter que ter também medidas de apoio, através da isenção de taxas ou de apoio pecuniário, porque vão ter graves problemas no futuro próximo”.
Na opinião de César Figueiredo, o problema da seca, que já é falado “há cerca de 15 ou 20 anos”, vem demonstrar a necessidade de construção de barragens no território concelhio, de que é exemplo a zona de Coriscada, para onde está previsto um aproveitamento hidroagrícola.
Ao Governo e às entidades do setor, o autarca lembra que o atual e os anteriores executivos camarários “já sinalizaram que a Mêda precisa de ter capacidade de retenção de água para fins de consumo humano e para fins de tratamento animal e de explorações agrícolas a nível da fruticultura”.
O município de Mêda é servido de água pela barragem de Ranhados, que integra o sistema multimunicipal da Águas do Vale do Tejo.
Mais de metade do território de Portugal continental (57,7%) estava no final de dezembro em situação de seca fraca, tendo-se registado uma ligeira diminuição na classe de seca severa e um aumento na seca moderada, segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Na terça-feira, o Governo restringiu o uso de várias barragens para produção de eletricidade e para rega agrícola devido à seca em Portugal continental, revelou o ministro do Ambiente e Ação Climática.