Raquel Carvalho é exemplo da crescente participação das mulheres na agricultura, ainda que a regra continue a ser um maior número de mulheres (relativamente ao sexo masculino) a frequentarem o curso de Engenharia Agronómica, mas um reduzido número de profissionais femininas a exercer a profissão. Ela própria só conhece “duas ou três de outros anos a trabalhar”, apesar de no seu curso ter havido cerca de setenta por cento de mulheres.
Nascida em Lisboa, já em criança acompanhava o pai ao campo para avaliar o desenvolvimento das culturas, das forragens, da criação de gado bravo e da distribuição de tarefas entre os empregados.
Logo que o progenitor lhe atribuiu a responsabilidade de manear o gado bravo a cavalo, compreendeu o fascínio que tal lhe produzia, não só por poder acompanhá-lo num ambiente eminentemente masculino, como também pela adrenalina que o perigo das lides originava.
Assim nasceu a sua paixão pelo campo e a certeza de querer estudar algo que lhe permitisse trabalhar com animais. Veterinária foi a primeira opção, mas como não entrou, escolheu Engenharia Agronómica, com a ideia de solicitar permuta no 1.º ano. No entanto, tal não chegou a acontecer pois apercebeu-se da importância do que estava a aprender para o trabalho que desenvolvia com o pai.
Ainda que o número de mulheres no curso de Engenharia Agronómica supere o dos homens, na prática são poucas as que exercem a profissão.”
Começou a aplicar os conhecimentos adquiridos na exploração agrícola familiar, assumindo cada vez mais responsabilidade, quer na supervisão dos trabalhadores permanentes, quer dos que eram contratados em épocas de colheita. As suas funções incluíam a distribuição do pessoal pelos locais de trabalho, a supervisão da aplicação de fitofármacos, o acompanhamento na calibração de alfaias agrícolas e o apoio nas intervenções sanitárias do gado bovino, entre muitas outras.
Posteriormente, com a entrada no novo milénio, devido à falta […]