Governo estabeleceu 20 milhões de euros para a destilação de crise, que poderá, em números redondos, e consoante as regiões, permitir a retirada de 30 milhões de litros do mercado
O aproximar de mais uma vindima está a gerar grande preocupação em algumas regiões vitivinícolas, já que a existência de vinho em excesso gera pressão, em baixa, sobre os preços da uva. O governo disponibilizou 20 milhões para apoiar a retirada do vinho em excesso para destilação e as candidaturas já arrancaram. O medo é que, apesar dos apoios serem “substanciais”, possam não chegar. Ninguém admite quanto vinho há a mais nas adegas, havendo quem aponte 40 milhões e quem estime que possam ultrapassar os 70 milhões de litros.
O governo lançou na última semana as candidaturas para a destilação de crise, cujo prazo termina a 26 de julho. A medida, que visa apoiar a destilação de vinho para fins industriais e energéticos, está limitada a 30% do vinho tinto ou rosado apto a certificação com Indicação Geográfica (IG) e Denominação de Origem (DO) declarado por cada produtor ou vitivinicultor na última vindima. No total, na anterior campanha, Portugal produziu 680,5 milhões de litros de vinho, dos quais 625,5 milhões aptos a DO e a IG.
Ao contrário do verificado nas operações de destilação autorizadas durante a pandemia, quando o apoio foi igual para todo o país, com exceção da majoração dada às zonas de viticultura de montanha, este ano, o apoio é diferenciado e foi calculado com base nos preços indicados por cada região. Para o Alentejo, por exemplo, vai dos 55 cêntimos por litro de IG aos 65 cêntimos para os DO, enquanto na região de Lisboa o valor será de 52 cêntimos, tanto para IG como para DO. No Douro, serão pagos 90 cêntimos por cada litro enviado para destilação. Os licorosos não estão contemplados. Analisando o valor por região, o preço médio a nível nacional será de 67 cêntimos por litro, o que significa que os 20 milhões de euros disponíveis permitirão destilar, números redondos, qualquer coisa como 30 milhões de litros.
O presidente do Instituto da Vinha e do Vinho espera uma “boa adesão” por parte dos produtores e destiladores nacionais e lembra que a destilação “não visa substituir a capacidade de comercialização dos produtores nos mercados”, mas sim “escoar vinhos que neste momento já não se encontram nas melhores condições para serem colocados no mercado”. E se houver excesso de vinhos propostos à destilação, haverá um rateio. “Estamos confiantes quanto ao bom senso dos produtores”, diz Bernardo Gouvêa, lembrando que “nenhum produtor gosta de destilar os seus vinhos”. E sublinha, […]