O presidente executivo (CEO) da Corticeira Amorim e presidente da COTEC Portugal defendeu hoje que o próximo Orçamento do Estado tenha “medidas claras de suporte fiscal à retenção de talento” em Portugal, nomeadamente em sede de IRS.
António Rios Amorim falava no final do debate organizado pela Lusa, em parceria com a COTEC Portugal, que decorreu na sede da agência de notíicias em Lisboa, subordinado ao tema atrair e reter melhores talentos.
“É bom que estejamos aqui a falar de talento, há uns anos estaríamos aqui a falar da necessidade que Portugal tinha em aumentar as qualificações. Estamos no bom caminho, fizemos uma fantástica evolução, mas queremos é que o talento criado e desenvolvido em Portugal fique em Portugal e que realmente consiga criar valor para a economia portuguesa”, começou por dizer o gestor.
Há um “conjunto muito grande de jovens licenciados a sair de Portugal para ter uma experiência profissional”, dos quais “poucos regressam, 61% daqueles que emigram não regressam”, prosseguiu.
Assim, o responsável diz que o país, as empresas portuguesas, têm que fazer mais para que este talento “que tanto custou a formar” fique em Portugal.
As empresas “têm por elas próprias que criar mecanismos de atração e mecanismos de retenção destas pessoas, tão talentosas que temos e o Estado tem que dar um contributo absolutamente determinante por uma política fiscal competitiva que permita que estas pessoas, quando se compara a remuneração líquida que ficam a auferir em Portugal com aquela que vão auferir noutros países, prefiram ficar em Portugal”, defendeu.
Ora, “isso faz-se uma parte pelos salários fixos, mas no nosso ponto de vista, faz-se também muito pelas contribuições que se pagam naquilo que são as remunerações variáveis que muitas vezes estão ligadas à própria meritocracia e ao valor que estas pessoas acrescentam às empresas para as quais trabalham”, disse António Rios Amorim.
Se isto fosse feito, se “decisões rápidas” sobre isso forem tomadas, o gestor acredita que se vai “conseguir reter muito mais do excelente talento” que é formado em Portugal.
Questionado sobre o horizonte temporal em que estas medidas têm de ser tomadas, o presidente da COTEC Portugal foi perentório: “Orçamento Geral do Estado para 2024”.
O Orçamento do Estado para o próximo ano “tem que encarar já medidas claras de suporte fiscal à retenção de talento em Portugal”, sobretudo em sede de IRS.
Isto para que “Portugal consiga competir com outros países que olham para o nosso talento de forma ávida e isto também é elogioso para Portugal. Portanto, claramente, temos que fazer mais rapidamente”, rematou António Rios de Amorim.
Explicou que tendo em conta que se os salários “são tão importantes nesta decisão” tomada pelos jovens para emigrarem, é preciso “ir diretamente à raiz do problema”.
“Vamos ter dificuldade muitas vezes em fazer isto nos salários fixos, portanto, diria que nos salários dos jovens que entram nas empresas poderíamos fazer alguma coisa, mas sobretudo na parte incremental da remuneração variável ligada a objetivos ou partilha de resultados das empresas”, ou na parte das ‘stock options’ [direito à participação acionista] nas ‘startups’ ou nos unicórnios.
“Claramente que aí já daríamos um salto muito significativo ganhando competitividade fiscal face a outros países que têm essas vantagens já há muito tempo”, salientou.
Também adiantou que os 3.500 trabalhadores da Corticeira Amorim em Portugal “vão poder ter acesso a partir de 2023 a remuneração variável, que é incremental face aos salários fixos que têm, com uma definição de objetivos concreta que vão poder acompanhar e seguir, pagos ao trimestre, se assim optarem por fazer”.
“O nosso objetivo é querer definir e partilhar com todos aquilo que são os objetivos claros da empresa e que a consecução dos mesmos objetivos seja também a partilhada com os colaboradores, que são eles que estão na base da evolução da empresa”, concluiu.