A ministra da Agricultura emitiu uma “nota de esclarecimento” esclarecedora. Para o Governo, Luís Dias, o agricultor em greve de fome, vale mais morto que vivo.
Nenhum português maior de idade se devia espantar com a frieza e a desumanidade de que Portugal é capaz contra os seus cidadãos mais fracos, mas confesso que nem eu esperava, 15 dias depois, ainda estar a escrever sobre a greve de fome do Luís Dias.
O Luís Dias está hoje no 24º dia de greve de fome em frente ao Palácio de Belém. Comecemos pelo elementar: quando um cidadão faz greve de fome em frente à Presidência da República, seja por que razão for, as instituições deviam interessar-se pelo caso. Perceber o que se passa e agir. Mesmo que o cidadão fosse, por hipótese, motivado por algum distúrbio mental, caberia ao Estado tomar medidas para protegê-lo.
O Luís Dias não sofre de distúrbio mental. Sofre a agonia lenta de uma situação de injustiça que o Governo deixa arrastar, provocando a morte lenta de uma exploração agrícola e a ruína completa, por exaustão, do Luís e da Maria José Santos, que nessa exploração investiram tudo o que tinham. Em greve de fome há 24 dias, era preciso que as instituições o ouvissem e agissem. Prontamente.