Os camponeses da aldeia de Guô, na vila de Prábis, no nordeste da Guiné-Bissau, aplaudem a recente decisão do Governo em baixar o preço do arroz, mas pedem que o produto seja comprado ainda mais barato.
Nas ‘bolanhas’ (campos do cultivo do arroz) de Guô, homens da aldeia juntam-se para cultivar um solo pantanoso, com arado feito de pau e ferro, na esperança de arranjar arroz do plantio, dentro de 120 dias, para ajudar a alimentar a família.
Aleluia Calo Cá é o porta-voz daqueles camponeses que se regozijaram com a recente decisão do novo Governo do país, que decidiu, no passado dia 23, baixar o preço de um saco do arroz de 50 quilogramas da espécie trinca 100% partido de 22.500 francos CFA (34 euros) para 17.500 francos CFA (cerca de 26 euros).
Mas, na verdade, diz Calo Cá, os camponeses de Guô querem que o preço do produto, que é a base da dieta alimentar no país, seja reduzido ainda mais.
“Se o Governo pudesse baixar ainda mais o preço para até 14 mil francos CFA (21 euros) por cada saco de 50 quilogramas, isso ajudava-nos, porque esta forma de agricultura é difícil”, defende Cá.
O porta-voz dos camponeses de Guô afirma que a lavoura é difícil por ser à força dos braços e que é ainda mais quando o dono da ‘bolanha’ junta 20 pessoas para o ajudarem a cultivar o seu pedaço de terra.
Neste caso, reforça Aleluia Calo Cá, arranjar comida para aquelas pessoas “é muito complicado”.
Nos anos passados, explica Calo Cá, as dificuldades dos camponeses de Guô eram superadas com a venda da castanha do caju, principal produto agrícola e de exportação do país, mas este ano o processo conheceu vários reveses.
Os camponeses guineenses queixam-se de que não conseguem vender o seu caju a preços que lhes permitam comprar outras coisas, nomeadamente o arroz, base da dieta alimentar do país.
“Se a campanha de comercialização da castanha do caju tivesse corrido bem, nesta altura do ano já tínhamos terminado a lavoura das nossas ‘bolanhas’, mas até agora estamos aqui”, observa Cá.
Além de uma nova redução do preço do arroz, os camponeses de Guô também apelam ao Governo que faça baixar o preço do óleo alimentar, do peixe e da farinha de trigo.
“Hoje nem comemos nada ao pequeno-almoço porque não há pão”, em Prábis, conta Aleluia Calo Cá.