Confesso que não entendo a paixão pela dessalinização – uma solução demasiado cara e financeiramente insustentável, para combater a escassez de água e a seca. Uma central de dessalinização troca energia por água potável, e nós, além de não termos água, também não temos energia. Estamos a substituir o problema da escassez de água por outro problema, para o qual não temos resposta. A paixão pela dessalinização torna-se ainda mais incompreensível quando existe uma outra solução simples, usada por vários países, acessível e financeiramente sustentável (ou seja, com baixo custo de manutenção): o transvase, assente no reforço das bacias de retenção.
Tudo indica que a dessalinização será mais um mecanismo de exploração do Estado, visando obtenção de rendas. Construir obras grandiosas e altamente dispendiosas, quando existem alternativas mais viáveis, é um desperdício. Aqui, o ato de “sacar” rendas por parte do governo será mais fácil do que o costume, já que o propósito do saque é virtuoso.
De facto, precisamos de grande quantidade de energia para retirar a água do mar, purificá-la, remover o sal e bombeá-la para a área de consumo (residencial, agrícola ou industrial), além de ainda ter de devolver a salmoura ao mar. Com a dessalinização, é sempre a bombar. Mesmos os seus defensores indicam se trata de um processo caro, apenas suportável para o consumo doméstico e em áreas próximas da central.
Em termos de investimento inicial para as autoestradas da água (como se chama ao plano de transvase e reforço das bacias de retenção) já existem números, sendo grande parte elegível para os fundos internacionais de desenvolvimento. Acima de tudo, como o investimento […]