O ministro alemão das Finanças, Christian Lindner, afirmou hoje que os protestos dos agricultores contra o corte de subsídios ao setor, agendados para a próxima semana, são “desproporcionais”.
A partir de segunda-feira, inicia-se uma semana de protestos por todo o país por parte dos agricultores, estando previstos vários bloqueios promovidos pelo setor que critica a decisão do Governo de avançar com um corte de subsídios aos produtores agrícolas nacionais.
As manifestações devem “permanecer sempre proporcionais no quadro dos nossos direitos democráticos”, afirmou hoje o ministro das Finanças, num discurso num encontro do seu partido, o liberal FDP, que faz parte do governo de coligação que junta ainda os sociais-democratas SPD e os Verdes, numa aliança chamada de “semáforo”, por juntar partidos com agendas distintas.
Christian Lindner fez também referência ao incidente de quinta-feira, em que cerca de 30 agricultores impediram um ‘ferry’ onde estava o ministro da Economia, Robert Habeck (dos Verdes), de ancorar, quando o governante regressava de umas férias numa pequena ilha no Mar do Norte.
“A situação perigosa em que o meu colega Robert Habeck ficou é inaceitável”, afirmou o ministro das Finanças, juntando-se às várias vozes que condenaram aquele protesto, entre partidos, membros do Governo e a própria Federação Alemã de Agricultores, que tem liderado a luta do setor e que se distanciou daquele ato.
Christian Lindner rejeitou também as exigências dos agricultores.
“Nós não podemos, por um lado, tirar proveito da redução do imposto sobre a eletricidade e pedir ajudas adicionais para a transformação de celeiros e, por outro lado, agarrarmo-nos aos velhos subsídios. Se queremos novos subsídios, temos também de abandonar os antigos”, vincou.
Os agricultores têm protestado após o Governo ter avançado com cortes planeados nos subsídios para o setor, à luz de uma revisão orçamental para 2024, depois de o Tribunal Constitucional alemão ter chumbado 60 mil milhões de euros em dotações orçamentais.
Os protestos têm decorrido desde dezembro e, face a estes, o Governo chegou a recuar nos cortes previstos, nomeadamente no apoio aos combustíveis para veículos agrícolas, cujo fim, em vez de acontecer de uma só vez, será gradual, até 2026.
No entanto, apesar desse recuo, a Federação Alemã de Agricultores mantém a luta, por considerar que a medida não é suficiente.
A partir de segunda-feira, está agendada uma semana de mobilização e de protestos, até dia 15 de janeiro, para pressionar o Governo a abandonar a sua política de cortes nos subsídios do setor.