São 17, menos dois do que no anterior governo, os ministros que António Costa escolheu para o acompanhar na maioria absoluta. Aquela que é considerada o seu braço-direito, Mariana Vieira da Silva, sai reforçada, embora se mantenha na mesma pasta, a da Presidência. Só que ganha a coordenação do portentoso Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e que deverá gerir em plena comunhão com o primeiro-ministro, que chamou a si a secretaria de Estado da Digitalização e Modernização Administrativa e a dos Assuntos Europeus. Costa, que tinha prometido um Executivo mais pequeno e mais ágil, deixou cair os ministros de Estado, mas dá estatuto de Adjunto à nova ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, até agora líder da bancada socialista. […]
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António Costa Silva
Ministro da Economia e do Mar
O ministro que vem do petróleo é um dos veteranos no novo governo. Nasceu em Angola, em 1952, e teve uma carreira ampla na área do crude, energia e outros recursos naturais. Engenheiro, formou-se no Imperial College da Universidade de Londres e no IST, onde é professor. Liderou o braço da Gulbenkian para os investimentos em petróleo e gás. Foi presidente da Partex Oil and Gas, com operações em países como Abu Dhabi, Omã, Cazaquistão, Brasil e Angola. É um grande conhecedor do Médio Oriente e dos desafios impostos pela Rússia. Com a venda da Partex em 2019 Costa Silva ficou livre. Em 2020, António Costa convidou-o para coordenar o Programa de Recuperação Económica e Social 2020-2030 cujos eixos estratégicos foram vertidos no PRR. Do petróleo para as energias “verdes” foi um passo. Nesse ano, o PM aliciou-o para ser ministro. Não se mostrou interessado na altura. Dois anos depois, aceitou. L.R.R.
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José Luís Carneiro
Ministro da Administração Interna
José Luís Carneiro, 50 anos, só teve uma experiência profissional na Administração Interna quando foi assessor de Carlos Zorrinho, de 1999 a 2000. Enfrentará agora uma realidade muito diferente na Segurança Interna, a começar pelo facto de uma das polícias, o SEF, ter sido extinta. José Luís Carneiro vai encontrar em cima da secretária o complexo processo de transferência de competências e funcionários para a GNR, PJ, PSP e IRN. O seu percurso partidário foi feito no Porto, foi presidente da Câmara de Baião, secretário-geral adjunto do PS e secretário de Estado das Comunidades. V.M.
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Elvira Fortunato
Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Elvira Fortunato nasceu em 1964. É cientista, professora e investigadora do Departamento de Ciências e Materiais da Universidade Nova de Lisboa, vice-reitora da instituição e reconhecida como pioneira mundial na eletrónica de papel, nomeadamente em transístores, memórias, baterias, ecrãs, antenas e células solares. Ao longo da carreira acumulou muitas distinções, como o Portugal”s Women”s Leadership Award. E talvez seja um dos nomes que mais surpreende neste Governo. A.M.I.
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Duarte Cordeiro
Ministro do Ambiente e da Ação Climática
Estava escrito nas estrelas que chegaria a ministro depois de ter organizado a campanha eleitoral do PS que deu a maioria absoluta a António Costa. Apoiante de sempre de Pedro Nuno Santos – com quem partilha experiência de ter liderado a JS – foi vice-presidente na Câmara de Lisboa com Fernando Medina. Duarte Cordeiro, economista de 42 anos, exercia as funções de secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e agora substitui Pedro Matos Fernandes no Ambiente e Ação Climática, numa pasta que tem ganho cada vez mais visibilidade. P.S.
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Ana Abrunhosa
Ministra da Coesão Territorial
É um dos nomes que não muda no novo figurino executivo. Mantém-se na Coesão Territorial, pasta ministerial alargada agora com a entrada da Administração Local, até aqui alojada num Ministério da Administração Pública que se extingue. Natural de Angola, é doutorada em Economia, matéria que também leciona na Universidade de Coimbra. Chegou a ministra do último governo vinda da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro, organismo no qual assumia funções desde 2008. Iniciou a carreira na Ernst & Young. M.C.
Maria do Céu Antunes
Ministra da Agricultura e da Alimentação
Mantém-se no cargo depois de ter conduzido a mais recente reforma da Política Agrícola Comum (PAC) cujo acordo político foi alcançado na presidência portuguesa da União Europeia, para entrar em vigor no próximo janeiro, alterando as regras dos apoios ao setor. Enfrenta agora ainda os efeitos da seca, mas, sobretudo, a crise nos custos de produção (energia, fertilizantes e pesticidas) e dos cereais, devido à guerra na Ucrânia. A escassez alimentar será o pior dos cenários, motivo que poderá ajudar a justificar a nova designação do Ministério. T.C.