O Interpera, maior evento internacional dedicado ao debate sobre a pera que este ano teve a sua edição em Portugal, bateu o recorde de participações desde 2008, ano em que se realizou pela primeira vez.
Durante os dias 26 e 27 de junho, cerca de 200 produtores, investigadores e empresas nacionais e internacionais do setor reuniram-se na região Oeste, berço da produção de “Pera Rocha”, para discutir os desafios e oportunidades na produção de pera, numa rara oportunidade para networking e troca de experiências.
O Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes encerrou o congresso no Auditório Praça da Criatividade em Óbidos com uma mensagem de apelo à entreajuda entre todos os profissionais para enfrentar os desafios do setor e realçou a necessidade de valorizar e defender o produto Pera Rocha que é, em si, parte de Portugal e uma mais-valia ligada ao nosso território.
“Parabéns à Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha (ANP) e à Câmara Municipal de Óbidos pela organização deste congresso. Depois de uma campanha difícil em 2023, sobretudo devido a alterações climáticas que afectaram a produção é fundamental apostar na investigação para combater pragas, enfrentar as alterações climáticas, melhorar a organização comercial do setor e continuar a apoiar a valorização da Pera Rocha do Oeste no mercado interno e externo”, referiu o Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes.
Ao longo destes dois dias foram debatidos, entre outros temas, os demais desafios e oportunidades transversais a todos os mercados presentes. O Interpera revelou ainda os primeiros números e tendências para a colheita de peras de 2024 na Europa, sendo claro um declínio para a próxima época de produção, fruto de condições climatéricas instáveis, afetando maioritariamente a Bélgica, a Espanha e os Países Baixos. França, Itália e Portugal recuperam a produção face ao ano anterior, com a produção nacional de Pera Rocha a continuar longe do seu potencial médio de produção, ficando cerca de 35% abaixo de um ano normal, apesar de se estimar que possa aumentar em cerca de 15% em relação ao ano passado, alcançando as 123.000 toneladas.
O evento ficou ainda marcado pela assinatura do Memorando de Entendimento entre a ANP – Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha e o INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária que visa a cooperação entre investigadores e produtores para adaptar a Pera Rocha aos desafios do futuro, nomeadamente a resistência a doenças e a adaptação às alterações climáticas, mantendo todas as suas características distintivas.
O Interpera, organizado pela AREFLH – Assembly of European Horticultural Regions, em colaboração com a ANP – Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha, reuniu especialistas de cerca de 10 países como Portugal, Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Países Baixos, Itália, Suíça, Argentina e Estados Unidos.
Recorde-se que Portugal destaca-se como um dos principais produtores de pera na Europa, especialmente a variedade Pera Rocha, que é um símbolo da região do Oeste e que as exportações têm gerado receitas anuais na ordem dos 85 milhões de euros, refletindo a crescente procura internacional pela Pera Rocha. Em 2022/2023, a Pera Rocha nacional foi exportada para 20 países, com três destinos principais a ocuparem o pódio: Europa (50%), Marrocos (20%) e Brasil (20%).
Fonte: ANP