Já (quase) nos habituámos a darmo-nos por satisfeitos com a explicação do “erro humano” ou do “crime”, da “culpa” individual em muitos domínios. Um deles é o dos incêndios rurais.
“Caça aos incendiários”. Não há muito tempo, lia isto, discussão a condizer, no rodapé de uma televisão. Com propriedade, o título do programa é Análise Criminal.
Talvez inspirado por este título, o presidente de um partido político com representação na Assembleia da República publicou nas redes sociais (aliás, em condições formais que já deram lugar a uma queixa na ERC) a opinião de que “os incêndios só vão parar quando não houver um incendiário em liberdade”.
Como conclusão prévia deste artigo, dois exemplos de aproveitamento dos incêndios rurais em desvio do interesse público: um aproveitamento televisivo indiciando visar interesses comerciais; um aproveitamento “político” com fins partidários.
Mas esta conclusão carece de sustentação. É o que se fará quanto ao primeiro exemplo, dispensando-nos de o fazer quanto ao segundo, tão substancial já foi a sua análise na comunicação social.
Os incêndios rurais são um dos tipos de situações (outro é, por exemplo, os acidentes de trabalho) em que uma característica do tratamento habitual pelas televisões é a de que a pedagogia preventiva obtida é inversamente proporcional ao sensacionalismo e histeria criada.
Tal como nos acidentes de trabalho a “certeza” nas causas tende […]