O líder da Iniciativa Liberal (IL) acusou hoje o Governo e o Presidente da República de esquecerem Pedrógão Grande e considerou que a cerimónia de inauguração do momento de homenagem às vítimas é uma “manobra de propaganda”.
Rui Rocha lembrou que no dia 17 de junho, quando se assinalaram seis anos desde os incêndios que deflagraram em Pedrógão Grande e provocaram a morte de 66 pessoas, foi o único líder partidário que se deslocou àquele concelho e considerou que “hoje há uma cerimónia porque ficou tão mal ao poder político” não ter ido nesse dia.
“Ficou tão mal ao primeiro-ministro, ficou tão mal ao Presidente da República não se terem lembrado de Pedrógão Grande quando se cumpriram os seis anos, que hoje era inevitável que houvesse essa presença”, criticou, durante uma visita à Feira Internacional de Artesanato, em Lisboa.
O presidente da IL apontou que a cerimónia de inauguração do monumento de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017, ao final da tarde, “é sobretudo uma manobra de propaganda, porque quer o primeiro-ministro, quer outros poderes foram apanhados em falso e mostraram que se tinham esquecido de Pedrógão Grande”.
“Isso não pode ser. É importante existir um memorial, mas é muito importante que haja memória”, salientou.
Questionado se por outros poderes se referia ao Presidente da República, Rui Rocha afirmou que Marcelo Rebelo de Sousa foi “uma grande ajuda para as populações de Pedrógão nos tempos subsequentes à tragédia”, mas agora “não pode também esquecer-se de Pedrógão”.
O líder liberal defendeu que “é importante continuar a perceber o que se passa no território” porque “há coisas por fazer”, nomeadamente quanto à recuperação de habitações e à nacionalização do Fundo Revita.
“É importante que o senhor Presidente da República se mantenha solidário, como esteve no princípio, com aquelas populações, e que esteja atento, como a Iniciativa Liberal também está, por exemplo às questões do Fundo Revita e do destino daqueles fundos que lá estão que decorrem da solidariedade que os portugueses manifestaram na altura da tragédia”, defendeu.
Rui Rocha apontou que “será inadmissível se essa intenção de nacionalização passar pela possibilidade de afetar essas verbas a outras finalidades”.
O presidente da Iniciativa Liberal indicou também que o partido estará representado hoje na inauguração do monumento por um membro da comissão executiva e garantiu que “a IL continuará a fazer tudo para que não se esqueça aquilo que aconteceu e, sobretudo, para que as cosias mudem efetivamente, e não apenas no discurso”.
Questionado sobre as palavras do primeiro-ministro, que advertiu hoje que a reforma estrutural da floresta é um “desafio para décadas”, o liberal lembrou que António Costa “tem funções de responsabilidade política governamental já desde há muitos anos”.
“Em 2005 era, por exemplo, ministro da Administração Interna, e já nessa altura falava da reforma da floresta, de um trabalho para décadas, depois tivemos um ministro socialista, Capoulas Santos, que falou da maior reforma da floresta desde D. Dinis. A verdade é que os anos passam, as décadas passam e substancialmente as cosias não se alteram”, criticou.
Rui Rocha considerou que há “muito para fazer” e que o país “falha muito” no que toca à prevenção de incêndios e gestão do território.