A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) vai efetuar uma “intervenção de emergência” nas linhas de água que afluem ao rio Vouga, colocando açudes de madeira para evitar o arrastamento de terras, anunciou hoje o presidente da instituição.
“Vamos fazer uma intervenção de emergência nas linhas de água que afluem ao rio Vouga para controlar aquilo que é o arrastamento das chuvas das cinzas para a massa de água”, revelou Pimenta Machado, em Faro, à margem da reunião da Sub-comissão Regional da Zona Sul da Comissão de Gestão de Albufeiras.
O presidente da APA adiantou que os técnicos da entidade estão no terreno, em conjunto com as câmaras de Albergaria-a-Velha, de Águeda e de Aveiro, para avaliar a realização dessa intervenção.
O objetivo, frisou, passa por “minimizar aquilo que são as cinzas causadas pelos incêndios sobre a captação de água do Carvoeiro, que abastece toda a região de Aveiro”.
A intervenção implica a colocação de “pequenos açudes de madeira para reter as cinzas”, evitando que elas cheguem ao Vouga e alterem “aquilo que é a qualidade na captação de água no Carvoeiro”, acrescentou Pimenta Machado.
O presidente da APA disse que as situações mais preocupantes nas captações de água serão alvo de intervenções de emergência, estando a ser efetuado “um trabalho de grande articulação com os municípios” relativamente a esta matéria.
Também à margem da reunião da Sub-comissão Regional da Zona Sul da Comissão de Gestão de Albufeiras, a ministra do Ambiente e Energia, Graça Carvalho, declarou que o seu ministério está a acompanhar “toda a parte de paisagem ambiental”, com o levantamento da situação em parques e zonas protegidas e também a situação dos resíduos resultantes de incêndios nos leitos de água.
“A APA está a acompanhar de perto e o senhor secretário de Estado do Ambiente faz parte daquela ‘task-force’ daquele grupo que acompanha o senhor ministro da Coesão [Territorial, Castro Almeida] para fazerem o levantamento de todos os equipamentos que precisam de uma intervenção urgente”, apontou.
Sete pessoas morreram e 161 ficaram feridas devido aos incêndios que atingiram desde domingo sobretudo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga, Viseu e Coimbra, e que destruíram dezenas de casas.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) contabiliza cinco mortos, excluindo da contagem dois civis que morreram de doença súbita.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 121 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro já arderam mais de 100 mil hectares, 83% da área ardida em todo o território nacional.
O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e hoje dia de luto nacional.