O Governo prometeu hoje o lançamento “nas próximas semanas” do concurso para a construção do Bloco de Rega de Moura, num investimento de cerca de 15 milhões de euros, mas os olivicultores querem “ver para crer”.
À margem de uma cerimónia em Moura, no distrito de Beja, o ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, revelou aos jornalistas que o concurso público relativo à empreitada deste novo bloco de rega do projeto do Alqueva “avançará nas próximas semanas”.
“O nosso objetivo era que até fosse [lançado o concurso] este mês, mas será nas próximas semanas”, acrescentou, prometendo que, após a execução da obra, o Bloco de Rega de Moura “estará pronto para a campanha de 2026”.
Este novo projeto vai abranger uma área de “1.200 hectares” de regadio, num investimento de “cerca de 15 milhões de euros”, indicou o governante.
Além desta empreitada, ainda no que respeita ao concelho de Moura, o ministro José Manuel Fernandes anunciou que a fase de elaboração do projeto do Bloco de Póvoa/Amareleja para regar “6.300 hectares” também “avançará nas próximas semanas”.
“Se o projeto já estivesse feito, podíamos avançar para a execução. Neste momento não conseguimos saber o montante de investimento, porque não temos o projeto”, acrescentou, frisando que, assim que houver projeto, também vai avançar o concurso respeitante a esta obra.
O ministro da Agricultura falava aos jornalistas à margem da conferência comemorativa dos 70 anos da Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos (CAMB), em cuja sessão de abertura discursou.
Questionado pelos jornalistas sobre estes anúncios do ministro, sobretudo o relacionado com o Bloco de Moura, o presidente da CAMB, José Duarte, argumentou que os olivicultores locais estão “como São Tomé”.
“É preciso ver para crer, porque, desde 2018, já é o terceiro anúncio por três ministros da Agricultura diferentes”, ironizou.
Ainda assim, o responsável considerou que talvez seja desta que o projeto ‘sai do papel’, já que, “pela necessidade de se utilizar a verba, porque senão é devolvida à União Europeia”, os 1.200 hectares anunciados por José Manuel Fernandes “obviamente que vão ser feitos e vão estar concluídos para a regra de 2026”.
O presidente da cooperativa agrícola, que tem 4.000 associados, dos quais 1.300 dedicam-se à olivicultura – “a maioria pequenos e médios olivicultores” -, lembrou, contudo, que o regadio no concelho proporcionado por Alqueva começou por estar previsto para 10.000 hectares e foi, depois, reduzido.
“Estamos a falar agora de cerca de 7.500 hectares e o que falta ainda construir [e] projetar é a área maior e a área mais importante” para os olivicultores, ou seja, é a que respeita aos “cerca de 6.300 hectares do Bloco de Rega de Póvoa/Amareleja”, lamentou.
Para a CAMB, por isso, “apenas uma pequena parte do projeto” de regadio vai avançar, o que é “insuficiente”, pelo que é preciso continuar a lutar: “Só iremos descansar a partir do momento em que esse bloco esteja construído e pronto a regar”.
A barragem do Alqueva “está dentro do concelho de Moura e, a nível de infraestruturas de regadio, não temos praticamente área nenhuma”, criticou o presidente da CAMB, cujos olivicultores têm 20.000 hectares de olival, “60% ainda olival tradicional de sequeiro”.
“Temos que criar infraestruturas para que consigamos fixar os jovens” e, para concretizar a renovação geracional que se exige na agricultura, só “com água”, defendeu José Duarte.