por João-Afonso Machado, em 07.12.19
Viveu uma vida inteira de lavoura. E dela tirou o bastante para comer e construir a sua casinha, que é o seu orgulho. Com toda a razão, na simplicidade das suas paredes e no bom gosto dos caixilhos verdes e brancos das janelas; ou nos bem tratados buxos do jardim, nas suas cameleiras também.
A senhora tem aparecido na televisão. Chama-se Maria da Glória Gonçalves e vive em Ribeira de Baixo, ali ao lado de Ribeira de Pena. Uma povoação condenada a submergir após a conclusão da nova barragem sobre o Tâmega, a barragem de Daivões.
O Estado pretendeu indemnizá-a com 76 mil euros. Ela diz que com isso compra um terreno, mas não sobra para o resto. Para nele edificar uma casa, entenda-se. E que não pretende dormir em cima do dito terreno…
A alternativa foram uns contentores colocados em Ribeira de Pena. Mas o próprio Presidente da Câmara opôs-se a essa desumanidade. E estamos nisto…
Maria da Glória Gonçalves é perseverante: dali não sai, assegura. A água ainda demorará uns anos a atingir aquela quota. É assim mesmo – contra o Estado, marchar, marchar!