Fusion Rolls, um snack à base de desperdício de uva, desenvolvido por estudantes de três universidades do Porto, foi o produto alimentar vencedor da edição de 2024 do prémio Ecotrophelia Portugal, iniciativa organizada pela PortugalFoods. Este produto, desenvolvido por Ana Fernandes (que frequenta o Mestrado em Ciências do Consumo e Nutrição, na Universidade do Porto), Catarina Lourenço (a frequentar mestrado em Engenharia Alimentar, da Universidade Católica do Porto) e Mariana Fonseca (estudante de Design, na Universidade Lusíada do Porto), vai assim representar Portugal no prémio Ecotrophelia Europe, onde participam os vencedores nacionais de mais de uma dezena de países e cujo vencedor será anunciado em Outubro, em Paris, França, durante a SIAL – feira internacional da indústria alimentar, que decorre de 19 a 23 de Outubro.
Num comunicado da organização, a equipa vencedora explica que, ao analisarem o mercado, notaram que só existiam produtos à base de fruta líquidos ou desidratados crocantes. «Quisemos, por isso, apresentar uma alternativa de snack com uma consistência tenra, muito prática de ingerir e que, à base de uva desperdiçada pela indústria alimentar, mas também de banana e amêndoa, seja uma forma muito conveniente, fácil, saudável e rápida de comer fruta on the go. Ficamos muito contentes que o júri tenha reconhecido a qualidade alimentar, mas também as preocupações de sustentabilidade, do nosso projecto», afirmam.
Além do Prémio de Ouro, no valor de 2.000 euros, os Fusion Rolls, «rolinhos de fruta sustentáveis, nutritivos e saudáveis», também valeram a esta equipa o apoio das consultoras Market Access e Ivity Brand Corp nas componentes de marketing e branding e o Prémio UPTEC, uma distinção atribuída pelo UPTEC – Parque da Ciência e da Tecnologia da Universidade do Porto, que constitui uma novidade no Ecotrophelia Portugal. Este prémio proporciona ao projecto quatro meses de incubação no Parque da Ciência e da Tecnologia da Universidade do Porto e acesso à Escola de Startups, programa de aceleração de novas ideias e negócios daquele hub académico de inovação.
O prémio Ecotrophelia Portugal é destinado a estudantes e investigadores do sistema científico e tecnológico nacional, «com espírito empreendedor e vontade de meter as mãos na massa para desenvolver produtos alimentares inovadores e sustentáveis em toda a sua cadeia de valor – desde o conceito, formulação, produção e packaging até aos planos de marketing, negócio e vendas, sem descurar as vertentes nutricional e sensorial». Segundo a organização desta competição nacional que «premeia o empreendedorismo e a inovação ecoalimentar», procurando também «distinguir e estimular o empreendedorismo jovem no sector agroalimentar e reforçar a ligação entre a indústria e a academia», a edição de 2024 contou com 14 candidaturas, que envolveram mais de cinco dezenas de estudantes universitários, provenientes de todo o País.
Os oito projectos finalistas do Ecotrophelia Portugal foram quatro snacks alimentares, uma bebida, um produto à base de leite, um chocolate e um produto da categoria “biscoito doce, bolo e pastelaria”, que foram submetidos à apreciação de um júri com quase 20 membros, entre especialistas em inovação alimentar e stakeholders ligados ao sector agroalimentar, tendo os vencedores sido anunciados na passada sexta-feira, dia 12 de Julho, num evento realizado no Porto. Trinca-Espinhas, crackers à base de farinha de espinha de peixe, farinha de trigo e alecrim, aproveitando subprodutos da indústria e desenvolvidas por um grupo de alunos do Mestrado em Engenharia Alimentar da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa, receberam a medalha de Prata e o segundo lugar na competição, com um prémio de 1.000 euros.
No terceiro lugar, com a medalha de Bronze e um prémio monetário de 500 euros, ficou o Snactus, um snack alimentar com vários níveis de picante, que aproveita as folhas desperdiçadas pela indústria do Opuntia Ficus-Indica (vulgarmente conhecido como Figo da Índia) e que foi desenvolvido por uma equipa de alunos da Universidade de Aveiro. A distinção Born from Knowledge, promovida pela Agência Nacional de Inovação – entidade parceira do Ecotrophelia Portugal – e que visa distinguir «o projecto a concurso que mais se destaca pela sua base tecnológica», foi atribuída à Beeta, «um snack de beterraba especificamente destinado a atletas de competição e a todos aqueles que querem ter “corações saudáveis”, aproveitando todas as propriedades e benefícios deste produto hortícola na saúde», desenvolvido por uma equipa de estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
As oito equipas finalistas recebem ainda um prémio suplementar do PORTIC – Porto Innovation Center, outro parceiro da iniciativa, que «vai dar a conhecer aos alunos o ecossistema de inovação e empreendedorismo, através de uma visita às suas instalações». A directora executiva da PortugalFoods (entidade gestora do cluster do sector agroalimentar português), Deolinda Silva, considera que esta edição do Ecotrophelia Portugal «voltou a realçar a capacidade empreendedora, o espírito de união e as competências altamente qualificadas dos estudantes para a resolução de problemas complexos da indústria agroalimentar e na resposta às tendências de consumo».
Deolinda Silva defende também que «as gerações mais jovens estão, sem dúvida, muito comprometidas com a construção de um mundo mais sustentável e olham para os princípios da economia circular e da inovação como ingredientes para uma alimentação justa, equilibrada e sustentável», acrescentando que esta competição mostra «que a indústria e as empresas estão alinhadas com os mesmos propósitos que os consumidores, procurando produtos mais inovadores, que incorporem novas tecnologias e que lancem as bases da alimentação do amanhã».
Recorde-se que, no Ecotrophelia Europe, Portugal já conquistou um primeiro lugar – em 2020, com o preparado fermentado OrangeBee, à base de aquafaba (desperdício da cozedura de leguminosas) e pólen – e um segundo lugar – em 2022, com o Handy Rice, um snack desidratado à base de arroz e do tubérculo yacon.
Organizado desde 2017 pela PortugalFoods, o Ecotrophelia Portugal 2024 contou com o Alto Patrocínio da Presidência da República e o apoio da Câmara Municipal do Porto, do UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, do PORTIC – Porto Innovation Center, da ANI – Agência Nacional de Inovação e da APCER. Além da participação das consultoras Ivity Brand Corp e MarketAccess, tem o patrocínio de diversas entidades: Crédito Agrícola, Águas Monchique, Vieira de Castro, Novarroz, Primor, Super Bock, Delta, All the way Travel, SPI – Sociedade Portuguesa de Inovação e CBS – Creative Building Solutions.
O artigo foi publicado originalmente em Revista Frutas Legumes e Flores.