A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) anunciou hoje a angariação de mais de 5,7 milhões de euros para aumentar a produção agrícola no Sahel africano e no Corredor Seco da América Central.
As iniciativas para as duas regiões, apresentadas no Fórum Mundial de Investimento “Hand in Hand”, que aconteceu em Roma entre 17 e 20 de outubro, reuniram mais de 110 programas de investimento que afetarão mais de 149 milhões de beneficiários, que vão desde redes de irrigação de pequena escala e instalações de armazenamento de água até à cartografia digital dos solos e medidas para impulsionar o comércio regional.
O objetivo desta angariação foi garantir a segurança alimentar nestas duas regiões que são as mais afetadas, no mundo, pela seca, combatendo a pobreza, as alterações climáticas e a fome, segundo o comunicado da FAO hoje divulgado.
O Sahel e o Corredor Seco enfrentam problemas comuns, segundo a FAO, como a gestão inadequada dos recursos hídricos, que desencadeiam conflitos e migração forçada, pelo que a elaboração de soluções conjuntas pode facilitar a ajuda para atrair parceiros e investidores.
“Acreditamos que podemos chegar a uma abordagem que complemente as iniciativas existentes, mas que, ao mesmo tempo, dê prioridade aos investimentos comuns a cada uma das duas iniciativas regionais que lhes permitirão sair da situação crítica em que se encontram”, afirmou o economista-chefe da FAO, Maximo Torero, citado no comunicado.
O Sahel, que se estende do Atlântico ao Mar Vermelho e alberga mais de 400 milhões de pessoas, é também “uma terra de oportunidades”, afirmou o secretário executivo do Comité Interestatal Permanente para o Controlo da Seca no Sahel (CILSS), Abdoulaly Mohamadou.
“Muitas vezes, regiões que são consideradas pobres têm um potencial considerável”, acrescentou Mohamadou.
“A água na nossa região é um desafio e temos de o transformar numa oportunidade”, afirmou o ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural dos Camarões, Gabriel Mbairobe, citado no comunicado.
Os investimentos específicos apresentados centram-se em zonas de elevada pobreza e incluem um grande esforço para introduzir bombas alimentadas a energia solar e aumentar drasticamente a quantidade de terras agrícolas irrigadas no Sahel, utilizando uma melhor captação e armazenamento de água, para além de poços pouco profundos.
Outros domínios de investimento fundamentais incluem a redução das restrições e barreiras ao comércio transfronteiriço e a colaboração na elaboração de planos sólidos para melhorar a disponibilidade e a produção local de forragens e alimentos para o gado, uma das principais fontes de conflito na região.
Os governos participantes concordaram que os seus países tinham o potencial para se alimentarem a si próprios, com o Burkina Faso a sublinhar planos ambiciosos para acabar com as importações de arroz e milho num futuro próximo.
O ministro da Agricultura do Mali, Lassine Debele, referiu que os investimentos na região eram bem-vindos e que era fundamental garantir que eles catalisassem a criação de empregos para os malianos.
“Estamos todos a trabalhar para o mesmo objetivo”, afirmou a diretora-geral adjunta da FAO, Maria Helena Semedo, que elogiou os países por terem feito progressos excecionais nos seus planos de investimento nos últimos 12 meses.
“Sim, o Sahel é uma terra de oportunidades e, mais importante ainda, é um laboratório de resiliência com o qual o mundo pode aprender”, concluiu.