O Livre defendeu hoje que os bombeiros devem ter uma área governativa exclusivamente dedicada aos seus problemas, algo que para a Liga dos Bombeiros Portugueses pode passar pela Presidência do Conselho de Ministros.
“Independentemente de ser na Presidência do Conselho de Ministros ou com outro tipo de formulação, a verdade é que os bombeiros precisam no imediato e, pelo menos durante algum tempo, de alguém que cuide especificamente das questões de bombeiros”, considerou o porta-voz do Livre Rui Tavares, após uma reunião na sede do partido, em Lisboa.
O dirigente sustentou que a Administração Interna tem priorizado as forças policiais e considerou que a “função transversal que os bombeiros desempenham na sociedade precisa de uma visão de conjunto”, apontando que abrange áreas variadas como a administração interna, a saúde ou até a “agricultura, coesão ou a educação”.
Rui Tavares lamentou que os bombeiros estejam numa espécie de “terra de ninguém”, defendeu a criação de uma carreira e vê “com interesse a sugestão que ela tenha uma tutela específica, pelo menos numa fase que vai ter que ser de reforma, de revisitar o estatuto dos bombeiros”.
O vice-presidente do conselho executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses, Eduardo Correia, apontou que a “tutela formal” é a Administração Interna mas que “o grosso da atividade” passa para o domínio do Ministério da Saúde.
“Como é que isto se pode resolver? Pode-se resolver mudando a tutela dos bombeiros, como acontece em alguns países europeus e pelo mundo, em que a tutela dos bombeiros, da proteção civil, está na presidência do Conselho de Ministros e não no ministério setorial”, defendeu, considerando que esta pode ser uma forma de o Governo “passar a olhar para os bombeiros com os dois olhos ao mesmo tempo e não com um olho de cada vez”.
Eduardo Correia relatou problemas como a falta de financiamento das associações, cujas despesas não acompanham as receitas, e manifestou preocupação com o facto de os bombeiros não terem uma carreira que permita uma progressão remuneratória.
O dirigente apontou que esta é uma das razões que leva a dificuldades de recrutamento.
Sobre o contexto político atual, num período de pré-campanha para as eleições legislativas de março, Rui Tavares afirmou que, de acordo com as sondagens mais recentes, nem a esquerda nem a direita estão a conseguir atingir uma maioria parlamentar, uma vez que a Aliança Democrática (que junta PSD, CDS-PP e PPM) e a IL já se afastaram de qualquer cenário de acordo com o Chega.
Na opinião de Tavares, a esquerda tem demonstrado uma maior maturidade política do que a direita, mas alertou que esta “não pode estar fechada sob si mesma” e tem que saber falar com o centro e a direita democráticos sobre assuntos como “a preservação da democracia”.
“Dia 11 de março vamos ver qual é a composição parlamentar que pode sustentar um governo, mas as coisas não acabam aí: depois essa composição parlamentar tem que ter a capacidade de diálogo e de abrangência suficiente para que possamos ter soluções democráticas que não estejam a dar pasto a populistas”, salientou.