Poucas vezes vimos António Guterres irritado. Quando era primeiro-ministro de Portugal era conhecido como o político do diálogo, mais tarde o do pântano. Calmo, paciente, ouvinte, mas, nos últimos anos, António Guterres tem-se irritado com maior frequência. É certo que tem em mãos uma missão hercúlea, e talvez o papel da sua vida: ser secretário-geral das Nações Unidas em plena guerra na Europa e num quadro de crise climática, após uma pandemia mortífera. Um caderno de encargos pesado que atravessa os seus dois mandatos.
Guterres cansou-se das acusações de Trump, desgasta-se com Putin e agasta-se com a inação e a falta de compromisso das nações em relação às alterações climáticas. E compreende-se. Não é por falta de aviso, de estudos e diagnósticos que os países não caminham mais rápido nessa matéria. Os interesses económicos e falta de vontade política têm vindo a sobrepor-se ao tema e também, por exemplo, a todas as Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP).
Governar pelo clima […]