Asti mostra como as regiões rurais da Europa podem reverter o despovoamento através da agricultura e do património local.
Perto da cidade de Asti, no noroeste de Itália, conhecida pelas suas vinhas e pelo seu vinho branco espumante, Alberto Mossino ajudou a cultivar uma cultura diferente: o milho.
Numa quinta rodeada por uma villa do século XIX, revitalizou a produção de milho Ottofile, utilizado para fazer polenta. Ottofile, um tipo de grão vermelho alaranjado e com um sabor cremoso, típico da região, está em risco de extinção desde a Segunda Guerra Mundial como resultado da competição com outras variedades.
Mudança positiva
Mossino é o diretor da PIAM, uma organização não governamental que ajuda a integrar refugiados na sociedade italiana. A organização fazia parte de um projeto que recebeu financiamento da UE para revitalizar áreas rurais através do património local.
“Foi uma grande oportunidade para a região e para os refugiados”, afirma Mossino. “Mudou a mentalidade da população local em relação aos imigrantes de forma positiva.”
Quase um terço da população da UE vive em áreas rurais, onde os benefícios incluem mais tranquilidade e uma maior proximidade com a natureza do que as cidades podem oferecer.
No entanto, as regiões rurais enfrentam desafios assustadores, incluindo o despovoamento, especialmente devido ao facto de os jovens se deslocarem para outros locais em busca de melhores perspetivas de emprego.
As áreas rurais da Europa têm visto as suas populações diminuir ao longo de décadas e prevê-se que percam mais 8 milhões de pessoas até 2050.
Em resultado, estas áreas são frequentemente caracterizadas pelo envelhecimento dos residentes e pela ausência de instituições básicas e serviços públicos.
“Temos uma população muito envelhecida e os jovens partem porque nem temos uma universidade”, afirma Mossino, nascido e criado em Asti e oriundo de uma família de agricultores.
Perspetivas mais positivas
As iniciativas europeias de investigação têm vindo a explorar a agricultura e o património cultural para inverter a tendência geral e apontar o caminho rumo a uma perspetiva económica e social mais promissora para as regiões rurais.
Na frente agrícola, os esforços estenderam-se para ajudar os jovens a iniciarem-se na atividade, nomeadamente colocando-os em contacto com agricultores mais experientes.
No que diz respeito ao património cultural, a tónica tem sido colocada no aproveitamento das oportunidades locais em áreas como a arte, os festivais, a gastronomia, os marcos históricos e as peregrinações, onde a rica história e a diversidade da Europa estão patentes.
Também a migração desempenhou o seu papel, conforme mostrado pelo projeto UE no qual Mossino estava envolvido. Denominada RURITAGE, a iniciativa decorreu durante quatro anos até agosto de 2022.
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