Das 67 barragens existentes no país e que servem para regadio e abastecimento de água às populações, 18 estão no nível máximo e 22 estão muito próximas do volume total. Apenas dez estão abaixo dos 50% da sua capacidade de armazenamento.
Quando já se antecipavam cenários de seca em pleno Inverno, duas semanas de forte precipitação bastaram para inverter a situação. A chuva intensa alagou os campos de cultivo e devolveu aos ribeiros de algumas zonas do Sul do país os caudais que não tinham há três anos.
Nesta sexta-feira, das 67 barragens públicas existentes de norte a sul do país, e que servem para regadio e abastecimento de água às populações, 18 estavam já totalmente cheias, de acordo com dados obtidos pelo PÚBLICO junto das principais associações de regantes (que organizam os sistemas de fornecimento de água a agricultores) do norte a sul do país. E, acima dos 80% de volume total, contavam-se 22 albufeiras. Ou seja, mais de metade das barragens estavam cheias ou muito perto do seu nível máximo. Registavam-se ainda 17 com reservas de água entre os 50% e os 80%. Apenas dez tinham um caudal abaixo dos 50%.
Este súbito aumento de volume das águas nas albufeiras, foi o suficiente para afastar a preocupação das populações face à situação que se verificava nos campos. Sobretudo no Sul do país, já estava a ser necessário o recurso às corporações de bombeiros para transportar água para o gado, a lavra dos terrenos provocava nuvens de pó e já se regavam árvores no início de Janeiro.
Por todo o país o cenário repetia-se. A escassez de águas nas pequenas e médias barragens, charcas e açudes era patente. Até a reserva de água em Alqueva já suscitava preocupações. Quando se iniciou o Outono, a 30 de Setembro a grande albufeira do Sul tinha uma reserva de 2.455,9 hectómetros cúbicos de água, pouco mais de metade da sua capacidade de enchimento (59,3%), segundo dados da Empresa De Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA).
Na região da Idanha, na Beira Baixa, a falta de água para rega suscitava apreensões. As zonas do litoral de um país afectado pela pandemia de covid-19 nem davam conta do que se estava a passar nos campos, com efeitos imediatos no fornecimento de água ao gado.
Do outro lado da fronteira, em Espanha, o panorama apresentava-se ainda mais crítico, sobretudo nas bacias do Tejo e Guadiana, com níveis muito baixos no armazenamento de água nas barragens.