As associações representativas dos bombeiros portugueses manifestaram hoje ao Presidente da República as suas preocupações com o setor, nomadamente a redução do número de jovens interessados em ingressar nos bombeiros, por ser uma profissão de risco e sem apoios.
A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) e a Associação Nacional de Bombeiros Voluntários (APBV) reuniram-se hoje com Marcelo Rebelo de Sousa, a quem alertaram para os problemas que o setor atravessa e que consideram necessitar de uma resolução urgente.
Entre essas reivindicações estão a necessidade de integrarem a gestão do fundo social do bombeiro, de pertencerem aos quadros camarários, de terem as mesmas regalias que as outras forças de segurança e de terem um código deontológico e uma carteira profissional, disse à Agência Lusa Fernando Curto, presidente da ANBP.
Segundo o responsável, no âmbito social, deram conta ao Presidente da República “da situação do seguro dos bombeiros e tudo o que tem a ver com a responsabilidade que as associações e as câmaras municipais têm para com os bombeiros”.
Uma das preocupações dos bombeiros prende-se com a situação financeira, pois entendem que “quer as associações como as câmaras municipais têm de ter da parte do governo disponibilidade financeira para sustentar a proteção civil” e querem também fazer parte da gestão do fundo social do bombeiro, assim como da escola nacional dos bombeiros.
“Ou seja, essas duas associações que representam quer os bombeiros profissionais quer os bombeiros voluntários têm toda a legitimidade para estar representadas nos órgãos que tomam decisões sobre os bombeiros: no fundo social do bombeiro, que é importantíssimo” para que os bombeiros “sintam que são apoiados e que têm esse apoio da autoridade e do próprio governo, no sentido de poderem estar mais disponíveis”.
A dificuldade do voluntariado e também dos bombeiros profissionais em ter novos elementos é outra das preocupações, “porque cada vez há menos jovens a concorrer e cada vez há menos jovens a disponibilizarem-se para o voluntariado, porque é uma profissão de risco não há apoios nenhuns, e quando acontece alguma coisa ficam em situações deficitárias e de dificuldade”, disse Fernando Curto.
Ao Presidente da República, as associações transmitiram também a vontade, há muito defendida, de ver a criação de bombeiros profissionais por parte das câmaras municipais.
“Os municípios todos têm bombeiros, sejam eles voluntários ou profissionais, e as câmaras poderiam criar quadros com esses homens e mulheres que, por um lado contribuem para que haja desemprego menor no município, e por outro lado têm homens e mulheres disponíveis” para fazer prevenção e combate aos incêndios, quando estes acontecem.
Segundo Fernando Curto, outro aspeto referido na reunião foi o da necessidade de os bombeiros terem as mesmas regalias e serem abrangidos de igual modo que as outras forças de segurança, nomeadamente na aposentação e na reserva.
Outra reivindicação “urgente” das associações prende-se com um código deontológico e uma carteira profissional, que entendem que deveriam ter, à semelhança de quase todas as outras profissões.
“É importante porque circulamos pela Europa e não temos nenhum documento que diga que somos bombeiros, voluntários ou profissionais”.
O presidente da ANBP afirmou que as associações deram nota ao chefe de Estado da sua “grande vontade de organizar o setor” e de que estão a discutir com o governo, todas estas situações, esperando “ser recebidos brevemente pelo ministro da Administração Interna”.