O estudo AgroBioTech, realizado pela CAP e a P-BIO – Associação Portuguesa de Bioindústria, revela que existe uma concentração geográfica de empresas biotecnológicas com soluções na área agroalimentar e florestal na faixa litoral entre Viana do Castelo e Setúbal, onde a densidade populacional é maior, refletindo a existência de clusters de inovação.
A análise revela também que a localização das empresas se verifica, maioritariamente, em torno das cidades e áreas metropolitanas onde estão localizadas as maiores universidades do país (Braga, Porto, Aveiro, Coimbra e Lisboa).
Da análise dos principais produtos e serviços fornecidos pelas empresas, a maior preponderância é “I&D” (Investigação e Desenvolvimento), seguindo-se “Biofertilizantes” e “Bioestimulantes” como os principais produtos oferecidos por estas empresas.
A maioria destas empresas são microempresas (até 10 RH – 54,5%) e pequenas (até 50H – 45,5%) com uma faturação anual de até um milhão de euros.
A maioria do capital humano tem qualificações superiores, refletindo o carácter altamente inovador e especializado do setor. Além disso, 55% das empresas exporta 20% ou mais do seu volume de negócios para mercados internacionais.
Da análise da tipologia de clientes, é possível também aferir que os agricultores têm já uma expressão significativa para muitas delas (secundado pelas organizações de produtores), mas são as PME (pequenas e médias empresas) e as grandes empresas agroindustriais que representam os seus principais clientes.
Numa primeira fase, o estudo mapeou e compilou os principais atores que desenvolvem soluções biotecnológicas aplicadas aos setores agrícola, agroalimentar e florestal português.
A análise de toda a informação recolhida foi refletida num documento de posição conjunto, com o intuito de influenciar, junto das autoridades nacionais com competências nesta área, a aplicação das políticas e mecanismos que melhor contribuam o desenvolvimento e a incorporação desta inovação.
A segunda fase do estudo AgroBioTech passou pela dinamização de seis grupos focais regionais: Trás-os-Montes; Alto Minho; Entre Douro e Minho; Ribatejo e Oeste; e Alentejo.
Da discussão de cada grupo focal, surgiu uma matriz SWOT constituída pelas principais Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats) relativas à utilização e ao desenvolvimento de inovação biotecnológica no setor a nível regional, bem como a identificação de prioridades para promoção de uma maior incorporação de soluções inovadoras na Agricultura.
O estudo AgroBioTech é o primeiro resultado de uma parceria que pretende contribuir para impulsionar o desenvolvimento e a incorporação de inovação biotecnológica no setor agroalimentar e florestal em Portugal.
Neste âmbito, foi realizado um inquérito aplicado a duas dezenas de empresas que desenvolvem soluções biotecnológicas com aplicação na área agroalimentar e florestal em Portugal. As empresas foram escolhidas a partir do universo de empresas com atividade em Investigação e Desenvolvimento em Biotecnologia (a partir do levantamento de empresas efetuado no estudo Portugal Biotech, publicado pela P-BIO em 2021).
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.