Em Singapura, uma start-up de tecnologia agricola está a desenvolver a primeira variedade de morangos que consegue crescer em temperaturas mais elevadas (entre os 20 e os 28 graus Celsius). Estes são os primeiros morangos no mundo resistentes ao calor graças. Foram produzidos com tecnologia agro-genómica e técnicas de agricultura de precisão.
Os morangos que estao a ser produzidos na quinta da empresa Singrow, no Science Park, em Singapura, são o resultado de anos de investigação liderada pelo CEO e co-fundador da Singrow, Bao Shengjie. Doutorado em biologia molecular, Bao Shengjie está confiante de que ele e a sua equipa desenvolveram os primeiros morangos resistentes ao aumento das temperaturas.
Embora o fruto cresça normalmente em temperaturas mais frias, entre 5 e 15 graus Celsius, os morangos da quinta Singrow podem desenvolver-se a temperaturas entre 20 e 28 graus Celsius, afirmou o cientista. “Conseguimos cruzar e desenvolver os primeiros morangos tropicais do mundo, que se adaptam bem a temperaturas mais quentes. Por isso, neste momento, dentro desta quinta, podemos dizer que estamos a cultivar os nossos morangos à temperatura ambiente”, acrescentou, confiante de que os ‘seus’ morangos também resistirão ao aquecimento provocado pelas alterações climáticas.
Também crescem 30% mais depressa do que o normal – desde o viveiro até à colheita são cerca de dois meses. Isto deve-se a uma combinação de tecnologia agro-genómica (que acelera o cruzamento das plantas) e de técnicas de agricultura de precisão (que permitem monitorizar melhor o estado das plantas e otimizar o seu crescimento).
A Singrow também utilizou a sua tecnologia genética para facilitar a polinização – que é vital para os morangos carnudos e bem formados. Os frutos agregados, como os morangos, têm de ser polinizados várias vezes (uma polinização desigual pode dar origem a frutos mais pequenos ou mal formados).
“Sabemos que certas culturas são capazes de se autopolinizarem. Por isso, estamos a utilizar características semelhantes para desenvolver a nossa variedade de morangos, para que tenham uma maior eficiência de autopolinização.
Estas plantas desenvolvidas através de cruzamentos moleculares são depois monitorizadas com tecnologia que pode detectar qualquer desvio no seu estado e no seu ambiente de crescimento.
Um desses dispositivos é uma espécie de ‘nariz eletrónico’, que capta os compostos orgânicos voláteis emitidos pelas plantas de morangueiro, tal como um ser humano sentiria os odores no ar.
Embora este tipo de tecnologia tenha sido utilizado noutras áreas, Bao considera que a sua aplicação na agricultura é única. Utilizando a análise de dados e a aprendizagem automática, o grande volume de dados recolhidos é traduzido em gráficos que dão uma imagem do estado de saúde das plantas.
A quinta de morangos de Singrow fornece alguns hotéis locais e vende os seus produtos online. Para aumentar a produção, a start-up de tecnologia agrícola está a fornecer as suas plantas e tecnologia a quintas maiores na região. No dia 11 de Abril assinou acordos com duas quintas na Malásia e na Tailândia como parte dos seus planos de expansão internacional, estando também a expandir-se para a China.
A Singrow fornecerá às explorações agrícolas ao ar livre as suas variedades de culturas, começando pelos morangos. Trabalhará também com as quintas para melhorar as suas técnicas agrícolas para as culturas existentes, com planos para reduzir a utilização de fertilizantes em 30% e a utilização de pesticidas em 70%.
A Singrow Farm no Science Park, que foi oficialmente inaugurada na segunda-feira, servirá como centro de investigação e desenvolvimento da empresa.
Para além de morangos, a Singrow está também a desenvolver 30 outras variedades de culturas, incluindo arroz, óleo de palma, açafrão, tomate cereja e alguns tipos de vegetais.
“A razão pela qual escolhemos todas estas culturas diferentes é que, em primeiro lugar, vemos algumas dificuldades de mercado na produção atual. E, em segundo lugar, a nossa tecnologia pode ser facilmente adaptada para resolver estes problemas em todas estas culturas”.
Por exemplo, 95% do açafrão é cultivado num país – o Irão – utilizando práticas convencionais, pelo que a oferta e a qualidade são instáveis, afirmou o Dr. Bao. “No nosso caso, conseguimos cultivar o açafrão num ambiente controlado e colhê-lo em quatro meses, ou seja, cerca de metade do tempo que normalmente demora.”
Assista ao vídeo e saiba mais aqui.
(94) The Singapore farm growing “tropical” strawberries – YouTube
O artigo foi publicado originalmente em CiB - Centro de Informação de Biotecnologia.