A 7 de Novembro, a Associação Nacional da Indústria para a Protecção das Plantas (Anipla), em colaboração com a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAPAlg), realizou no Patacão (Faro) o seminário “Tecnologia e informação na agricultura – Smart Farm Virtual”. Este evento decorreu no âmbito do Roadshow Smart Farm Virtual – iniciativa que está ligada à plataforma digital da Smart Farm e que visa «debater e partilhar informação sobre sistemas de produção mais sustentáveis» – e abordou temas como solo, recursos genéticos tradicionais, biopesticidas, água de rega e novas culturas.
Na abertura da sessão, Pedro Valadas Monteiro, director regional da DRAPAlg, sublinhou «a importância das novas tecnologias e da inovação na agricultura para fazer face às exigências de alimentação de uma população em crescimento exponencial» e da «necessidade de sensibilizar a sociedade para o efectivo upgrade tecnológico na produção de alimentos que deve, cada vez mais, ser reconhecido e valorizado», refere a Anipla. Em seguida, Pedro Fevereiro, director executivo do InnovPlantProtect, elencou soluções já existentes (novas formulações, novos biopesticidas e novas técnicas genómicas) ou que estão a ser criadas em resposta às necessidades de produção do sector e às condicionantes impostas pelas exigências do Pacto Ecológico Europeu.
Luís Cabrita, representante da DRAP Algarve, apresentou o projecto PRR (Programa de Recuperação e Resiliência) “AGRO+ Eficiente”, que tem como objectivos «potenciar a valorização da produção de fruteiras tradicionais; disponibilizar tecnologias de produção visando a protecção do solo e a gestão da água de rega, aumentando a sua eficiência; e ainda disponibilizar material vegetativo e a realização de acções de promoção de boas práticas agrícolas». A presidente da Associação Portuguesa de Mobilização de Conservação do Solo (Aposolo), Gabriela Cruz, defendeu que «falar de uma agricultura sustentável é falar de agricultura de conservação, uma prática agrícola, que promove uma maior infiltração de água no solo, a redução da sua erosão e que é potenciadora da biodiversidade».
O programa também incluiu uma apresentação da Smart Farm Virtual – por parte de João Cardoso, director executivo da Anipla – e uma mesa-redonda – que juntou os oradores parceiros da Anipla a João Bento Inácio, da empresa JBI Group, «em representação dos agricultores da região», e a Sandra Germano, técnica da DRAPAlg –, a qual incidiu sobre as exigências do Pacto Ecológico Europeu, os desafios que isso representa para os profissionais e a revisão do Regulamento do Uso Sustentável.
Sandra Germano assinalou a «ausência de soluções que possam combater o aumento contínuo de novas pragas e doenças» e a «dificuldade que existe por parte de alguns agricultores de adoptar novas tecnologias por via da sua idade ou da incapacidade para usar ferramentas digitais», embora destacando que, «nas explorações com maior investimento na região algarvia, a utilização de tecnologia de ponta é já uma realidade». João Bento Inácio falou da sua experiência no cultivo de culturas não tradicionais, como as framboesas e os abacates, «como forma de se adaptar às exigências dos consumidores», e realçou que «as tecnologias, nestas culturas e noutras mais tradicionais, como a laranja, são uma constante».
Segundo a Anipla, «a mesa-redonda encerrou com uma conclusão unânime: é preciso apostar na investigação e desenvolvimento de novas ferramentas para acompanhar o comboio da União Europeia, que, por sua vez, tem de viabilizar a aprovação de novas soluções, como novos produtos fitofarmacêuticos e biopesticidas, de forma a não deixar os agricultores sem alternativas face aos problemas que deixam de ter solução». «Antes de proibir, a União Europeia tem que garantir alternativas e regulamentar a aprovação destas novas soluções», conclui a Anipla.
O artigo foi publicado originalmente em Revista Frutas Legumes e Flores.