André Branco Rodrigues, especialista em Proteção Civil, engenheiro mecânico e também bombeiro voluntário, explica o que, na sua opinião, poderia contribuir para evitar grandes incêndios florestais em Portugal.
O incêndio rural que deflagrou no sábado em Odemira, Beja, encontra-se esta manhã em fase de resolução, de acordo com o site da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil. O combate às chamas começou no Alentejo e acabou por estender-se ao Algarve, consumindo uma vasta área. André Branco Rodrigues, especialista em Proteção Civil, engenheiro mecânico e também bombeiro voluntário, considera que apesar de termos “o dispositivo de combate a incêndios dos mais robustos da Europa”, “a única forma que temos de fazer face a estes grandes incêndios é trabalhar na prevenção”.
“Somos um país que tem muita zona de mato e de floresta e aquilo que vem acontecendo, de há uns anos para cá, o abandono das das zonas rurais, o abandono das atividades agrícolas, levaram a que também houvesse maior disponibilidade de combustível e, portanto, temos todos os ingredientes necessários para termos este incêndio”, diz André Branco Rodrigues.
Com os trágicos incêndios de 2017, aprenderam-se várias lições, mas “há sempre coisas que podemos fazer de forma a melhorar numa próxima vez”, considera o especialista em Proteção Civil, em entrevista na SIC Notícias.
“Nos incêndios de 2007, de junho e de outubro, onde morreram mais de 100 pessoas, onde arderam cerca de meio milhão de hectares, onde houve milhões de euros de prejuízos para pessoas e para e para empresas também em termos de bens materiais, certamente que aprendemos muitas coisas que outras coisas e não ainda não aprendemos, mas que temos que aprender, há medidas em que nós temos que tomar.
Este tipo de incêndios que nós temos atualmente, os chamados incêndios de sexta geração, em que nós temos a questão das alterações climáticas, juntamente com a questão do abandono das zonas rurais e, portanto, uma maior disponibilidade de combustível, associada aqui a maior temperatura, menor humidade e, portanto, melhores condições para nós termos grandes incêndios em que os operacionais por mais que façam e por mais meios que tenhamos é sempre difícil.“
André Branco Rodrigues diz que há medidas que foram tomadas mais recentemente e há outras medidas que já foram tomadas desde 2017, mas há situações que, em termos de prevenção, não se traduzem na época seguinte, no verão seguinte, situações que vão levar vários anos até terem efeito, como, por exemplo, a questão do ordenamento do território.
Em conclusão, o também engenheiro mecânico e bombeiro voluntário lembra que temos “um dispositivo de combate a incêndios dos mais robustos da Europa”, mas que “a única forma de fazer face a estes grandes incêndios é trabalhar na prevenção, é trabalhar antes de chegarmos a esta altura do ano”.