Para além de descarbonizar a própria economia, a União Europeia precisa de reduzir o seu impacto ambiental global. Pode redefinir a prosperidade como bem-estar, reavaliar a economia para valorizar a natureza e reorientar as suas relações internacionais para tornar a transição justa e eficaz.
O Pacto Ecológico Europeu (Green Deal) precisa de se transformar num pacto ecológico global. A União Europeia (UE) assumiu compromissos louváveis – sobretudo o seu plano de reduzir as próprias emissões em 55% até 2030 – e foi a única grande economia que apresentou planos para fazer os cortes dramáticos que o IPCC [Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas] da ONU adverte serem essenciais para evitar alterações climáticas catastróficas.
O “ângulo morto” do quadro político ecológico da UE é o seu impacto noutras regiões. Para estabilizar o clima e evitar um colapso da biodiversidade, a UE e as outras grandes economias consumidoras devem viabilizar uma transição global para a sustentabilidade.
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O ano de 2022 é crucial para a transição justa. A COP26 em Glasgow, em Novembro passado, assistiu ao início de uma atenção muito maior à justiça climática entre o Sul Global e o Norte Global. Juntamente com o financiamento das questões climáticas para ajudar os países a adaptarem-se, a UE precisa de alinhar todo o seu leque de políticas externas com o pacto ecológico global.
Isto significa que a Europa tem de ir além dos seus interesses a curto prazo para ajudar outros países no decurso dos seus próprios caminhos de transição. Isto é especialmente importante nos países que dedicam a maior parte da sua economia a servir os padrões de consumo nas regiões que têm um nível de rendimentos elevado – por isso é tão difícil a transição ecológica lá. Por exemplo, a indústria têxtil representa 90% do comércio total do Bangladesh, com 56% da produção destinada à Europa. A UE precisa de ajudar a amortecer o impacto social nesses países, uma vez que reduz as suas importações de produtos insustentáveis e as emissões de impostos. Estas medidas são importantes e necessárias, mas a queda global da procura de combustíveis, matérias-primas e bens causará choques económicos para os parceiros comerciais. Um novo objectivo importante para as políticas de comércio, agricultura e desenvolvimento da UE é o de ajudar países como o Bangladesh a avançar para […]