O Parque de Feiras e Exposições de Esmolfe recebe no próximo dia 8 de Outubro a vigésima sétima Feira da Maçã Bravo de Esmolfe. Depois da fraca produção em 2023, este ano há maçã “em quantidade e qualidade”.
A Câmara de Penalva do Castelo e a Freguesia de Esmolfe, com o apoio da FELBA – Promoção de Frutas e Legumes da Beira Alta, abrem as portas do concelho para mais uma edição da Feira da Maçã, a 8 de outubro. O presidente da Câmara de Penalva do Castelo diz que 2023 “é um ano bom para os agricultores, pelo que prevemos uma feira melhor que em edições anteriores”. À Gazeta Rural, Francisco Carvalho diz que, segundo os produtores, “a produção deste ano é muito maior, em quantidade e qualidade”.
Gazeta Rural (GR): Que perspetivas tem para a edição deste ano da Feira da Maçã, tendo em conta o verão e a produção?
Francisco Carvalho (FC): O verão foi melhor e a produção foi maior, pelo que, acredito, tudo irá decorrer dentro da normalidade. No ano passado houve pouca maçã, mas 2023 é um ano bom para os agricultores, pelo que prevemos uma feira melhor que em edições anteriores.
O calor não prejudicou as macieiras, até porque houve muita humidade, e segundo os produtores, a produção deste ano é muito maior, em quantidade e qualidade.
GR: Com uma produção maior, o preço mantém-se o mesmo?
FC: O preço deve manter-se. Como há uma produção maior, até poderiam baixar. Contudo, temos de entender que os fatores de produção subiram e a inflação também afeta os agricultores, pelo que os produtores de maçã vão querer rentabilizar o seu negócio.
A Feira da Maçã Bravo de Esmolfe recebe sempre muitos visitantes, e este ano não será exceção. Como vai haver muita procura, as vendas vão ser boas. Tudo isto ajuda os nossos produtores e dinamiza a economia local.
GR: No fundo, as pessoas vão pagar o preço justo do produto, uma vez que estava relativamente subvalorizado?
FC: Este produto endógeno tem de ser cada vez mais valorizado. Há menos agricultores e há cada vez mais procura, devido à divulgação que fazemos todos os anos. Por isso, os produtores têm de aproveitar para rentabilizar o seu negócio, importante também com vista à atração de jovens agricultores para esta cultura.
GR: Há mais gente a plantar novos pomares de Bravo de Esmolfe?
FC: Isto não tem acontecido, como desejamos que ocorra. São os mesmos produtores que têm plantado novos pomares, mas atrair novos produtores não tem acontecido.
GR: A Ministra da Agricultura disse em Oliveira do Hospital, que é preciso criar condições para os produtores se candidatarem ao pedido único de apoio à produção. Penalva do Castelo está a desenvolver algum trabalho nesse sentido?
FC: Na Câmara Municipal temos o nosso Gabinete do Agricultor a funcionar. Todas as semanas um funcionário da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro está lá, disponível, para prestar esclarecimentos e ajudar os nossos agricultores. Contudo, considero que esta não é a solução para termos mais jovens agricultores. Têm de ser criados incentivos para que os jovens se integrem na agricultura e para que, aqueles que já são produzem possam aumentar a sua produção.
GR: Nomeadamente incentivos também à compra de terrenos? Os apoios que existem são para a produção, mas para a compra de terrenos é relativamente baixo?
FC: Sim, isso é verdade, contudo não acredito que a compra de terrenos financiados seja o principal obstáculo na agricultura. No interior, os terrenos agrícolas ainda são muito baratos e qualquer pessoa, com pouco dinheiro, compra muitas terras, porque o interior está completamente abandonado. Não é aí que reside a questão.
Para mim o importante é criar incentivos na produção, dinamizar o escoamento dos produtos e, claro, rever o seguro de colheitas, que hoje é muito caro, o que acaba por afastar a sua contratação. Face a isto, quando houver uma intempérie, as pessoas perdem a colheita do ano inteiro. Aqui é que reside a questão.
GR: Quanto à vindima deste ano tem algum indicador do concelho?
FC: Este ano a produção de vinho vai ser boa e a qualidade também. Há cerca de três semanas choveu bastante e danificou algumas uvas. Porém, espero que este tempo de colheita que se verifica nesta altura se recupere alguma coisa.
GR: Em relação à produção de queijo. O verão foi bastante seco e com temperaturas muito elevadas: As chuvas recentes vieram, de algum modo, estabilizar os pastos para a campanha deste ano?
FC: Sem dúvida, foi ouro para os pastos. Os pastores estavam com alguma dificuldade em alimentar o gado, mas com as chuvas que caíram os pastos já estão normalizados para o rebanho.
O artigo foi publicado originalmente em Gazeta Rural.