As vendas na Região Demarcada dos Vinhos de Lisboa no primeiro semestre deste ano, segundos dados atualizados até 09 de julho, cresceram 4% relativamente ao mesmo período de 2023, devido aos vinhos brancos, rosé e “Leve Lisboa”.
O presidente da Comissão Vitivinícola regional, Francisco Toscano Rico, indicou à Lusa que as vendas dos vinhos “Leve Lisboa”, que têm menor teor alcoólico, cresceram 70% nesta comparação homóloga, com 66 milhões de garrafas vendidas de janeiro a 09 de julho.
Os vinhos da Região Demarcada de Lisboa têm nove denominações de origem: Carcavelos, Bucelas, Colares, Arruda dos Vinhos, Torres Vedras, Alenquer, Lourinhã, Óbidos e Encostas D’Aire.
“Estamos a falar de uma região que nos últimos seis anos mais que duplicou as vendas, um crescimento notável. No fundo, houve uma aposta forte da região, que em boa hora teve essa visão de que Portugal era demasiado pequeno para a ambição que a região tinha e cedo começou a trabalhar nos mercados externos”, salientou Francisco Toscano Rico.
De acordo com os dados da Comissão Vitivinícola, as vendas da região registaram um crescimento de 150% nos últimos seis anos, representando a exportação 80%, para mercados como os Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Polónia e países escandinavos, correspondendo a 110 milhões de euros.
Nos últimos seis anos, uma em cada três garrafas exportadas por Portugal era de Lisboa, tendo a região um peso de 20% nas exportações nacionais. Os Vinhos Lisboa estão a exportar em 2024 ao ritmo de mais de 100 garrafas por minuto.
“O facto é que houve uma aceitação muito boa do que era o perfil do vinho da região e isso alavancou a região com uma aposta nas vinhas, nas adegas e no reforço promocional no mundo inteiro”, disse Francisco Toscano Rico.
O representante lembrou que 2023 foi, a nível mundial, um ano de crise, de retrocesso para o setor.
“Durante a pandemia de covid-19 e confinamentos houve um aumento significativo, provocando um otimismo a nível global do que seria o consumo nos anos seguintes, mas tal não se verificou por força da instabilidade geopolítica económica e mundial, da inflação, e houve um retrocesso nas vendas globais. Portugal não fugiu à regra”, explicou.
A Comissão Vitivinícola mantém-se, por isso, “realista e muita atenta face à instabilidade, a nível global, do mercado mundial” e à atual situação da produção portuguesa, que levou Bruxelas a anunciar esta semana um apoio de 15 milhões ao setor.
“O ano de 2023 foi muito difícil em Portugal e no resto do mundo. A atual situação dos ‘stocks’ elevados preocupa-nos, ainda que o mercado esteja a dar sinais de uma maior dinâmica e retoma da normalidade. Os números da região de Lisboa deixam-nos otimistas, embora seja um otimismo moderado”, referiu o presidente.
Existem alguns “sinais positivos” este ano, mas sem certezas de que haverá uma retoma. As vendas em Lisboa no primeiro semestre constituíram um “recorde absoluto”.
A expectativa é a de que estes sinais se reforcem no próximo semestre: “Temos algumas estratégias. No mercado nacional vamos continuar a estar próximos do consumidor em tudo o que são eventos para dar a conhecer e a provar os Vinhos de Lisboa, apostar na proximidade com o público profissional do canal de restauração, pois ainda sentimos que há muito a fazer para termos mais vinhos de Lisboa em restaurantes e no enoturismo.”
O enoturismo, sublinhou o presidente do organismo, tem vindo a crescer no mercado nacional e internacional, sobretudo em França, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Brasil e Espanha.
Francisco Toscano Rico adiantou igualmente que a Comissão está a apostar no Brasil, que “tem taxas de crescimentos fantásticas” e é o país onde mais produtores de Lisboa estão representados, e no Reino Unido.
“Estamos com um investimento fortíssimo este ano, mais de um milhão de euros de investimento total no mercado externo e interno, mas mais externo”, indicou.