Os alimentos ultraprocessados entraram sorrateiramente nas nossas vidas, sem notificação de perigo. Só entre 1990 e 2015, passaram a ocupar seis vezes mais dos carrinhos de compras dos portugueses
Na indecisão sobre como começar este texto, aconteceu um levante da cadeira e uma ida até à máquina dos snacks da Redação. Por entre o vidro, vemos cinco qualidades de pacotes de bolachas, seis tipos de chocolates, uma barra de cereais, rebuçados e pastilhas, batatas fritas, croissants mistos, duas qualidades de bolos, um hambúrguer de frango e cinco tipos de sanduíches em pão fabricado para durar semanas, além de cinco sumos diferentes, dois refrigerantes, pacotes de leite com chocolate e garrafas de água. Não é preciso verificar os rótulos para assumir que, de todas as opções de snacks, só com uma garrafa de água conseguiríamos escapar a um alimento ultraprocessado.
E, de repente, esta refrigeradora de pouco mais de um metro quadrado materializa a validação do que precisávamos: os alimentos ultraprocessados já fazem parte da vida moderna. Entraram nela de forma sorrateira e sem aviso de perigo. São convenientes, baratos, muito saborosos, fortemente publicitados e lucrativos, mas acarretam também um lado negro que tendemos a ignorar. […]