As florestas vão estar hoje em destaque no Conselho de Ministros, onde é esperado que seja aprovado o Programa Nacional de Ação do Plano Nacional de Gestão Integrada dos Fogos Rurais.
As florestas estão em destaque no Plano de Recuperação e Resiliência do Governo, com um envelope de 665 milhões de euros para a transformação da paisagem dos territórios vulneráveis, criação de de faixas de gestão de combustível e combate a incêndios rurais. Esta quinta-feira, 4 de março, estarão também em cima da mesa num Conselho de Ministros especial, presidido por Marcelo Rebelo de Sousa, onde é esperado que seja aprovado o Programa Nacional de Ação do Plano Nacional de Gestão Integrada dos Fogos Rurais.
Com uma extensão superior a três milhões de hectares, a floresta é o principal uso do solo em Portugal e ocupa mais de um terço do país (36%). Os dados são do último Inventário Florestal Nacional, apresentado em 2019, mas com dados que reportam a 2015. O próximo estudo deste género será feito pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas sem 2025 e só aí será conhecido o verdadeiro impacto dos severos incêndios rurais de 2017 e 2018 que e estima que tenham afetado uma área de 274 mil hectares.
Já a “Análise Temática – Carta de Uso e Ocupação do Solo de Portugal Continental 2018″ dá conta que a floresta portuguesa ocupa perto de 38,8% do território continental (3.460 milhares de hectares, uma área que vindo a ser reduzida em média em 592 hectares por ano entre 1015 e 2018). Somando a floresta e os sistemas agroflorestais, a área arborizada chega aos 47%. Entre 1995 e 2007 a floresta portuguesa teve um ganho anual médio superior a 13,5 mil hectares, que se manteve até 2015.
Mas quanto vale tudo isto para a economia portuguesa? Diz a Direção Geral das Atividades Económicas que “a floresta nacional tem uma evidente importância para o país, que se reflete em termos económicos (base de fileiras industriais desenvolvidas), em termos sociais (geradora de emprego em zonas rurais) e em termos ambientais (regulação do sistema hídrico, de preservação de solo e de proteção microclimática)”.
Juntas, as indústrias de base florestal (madeira e cortiça, pasta e papel) tiveram em 2018 um volume de negócios combinado de 8,1 mil milhões, o que equivale a 4% do PIB e 7% das exportações nacionais em 2019 (4.204 milhões de euros), revelam as Estatísticas Setoriais das Indústrias de Base Florestal (DGAE).
As empresas no setor industrial de base florestal ultrapassam as 5.600 e em conjunto geral um Valor Acrescentado Bruto (VAB) de 1.912 milhões de euros (dados de 2018).
Para o peso da floresta na economia conta ainda a silvicultura, cujo Valor Acrescentado Bruto diminuiu 2,1% em volume e aumentou 5,3% em valor em 2018, segundo os mais recentes dados do INE. Já em 2019, o saldo da balança comercial dos produtos de origem florestal manteve-se em 2,6 mil milhões de euros.
As Contas Económicas da Silvicultura 2018, divulgadas em junho de 2020, mostram que houve um aumento da produção da silvicultura (8,3%), para o qual contribuíram, sobretudo, a cortiça (+25,1%) e os serviços silvícolas (+21,7%), que mais do que compensaram o decréscimo da produção de madeira (-3,1%), após a elevada oferta verificada no ano anterior, na sequência dos grandes incêndios florestais (de junho e outubro de 2017).
O consumo intermédio na silvicultura também aumentou significativamente em volume e em valor (10,1% e 15,7%, respetivamente), muito por causa dos serviços silvícolas, nomeadamente operações de limpeza e desbaste de floresta, recolha de sobrantes e construção de caminhos corta-fogos).
Por comparação com o caso português, o Global Forest Resources Assessment 2020 mostra que a floresta mundial que se perdeu nos últimos 30 anos equivale a mais de 20 vezes a área de Portugal Continental, embora o ritmo de perda tenha vindo a diminuir: depois de um declínio médio de 7,8 milhões de hectares/ano na década 1990-2000, registou-se uma redução na última década para 4,7 milhões de hectares/ano. Segundo o mesmo documento, a floresta ocupa atualmente 31% da área terrestre global.