Não nos deixemos iludir por soluções milagrosas de “replantar Portugal”. Portugal não precisa de ser replantado. Precisa de políticas fortes, que incentivem e permeiem uma gestão florestal robusta.
Com algum humor e ironia…
Juntando “três ou quatro dezenas de pessoas no Porto” (segundo o jornal PÚBLICO), decorreu, no passado domingo, um protesto pela “Floresta do Futuro”, convocado para seis cidades do país. No total seriam, portanto, seis vezes “três ou quatro dezenas de pessoas”, admitindo que Vila Nova de Poiares, Sertã, Coimbra, Lisboa e Odemira terão contribuído com igual número de protestantes. Ou seja, qualquer coisa entre 180 e 240 respeitáveis protestos.
Felizmente, e porque vivemos em democracia, o protesto é livre, independentemente daquilo contra o que se protesta e do número daqueles que protestam. Neste caso, mais original, o protesto não era contra, mas sim a favor, da floresta do futuro, o que quer que isso seja no imaginário dos protestantes. Um dos males menores desta virtude da democracia, é que os fundamentos para um protesto não têm que ser sólidos, não têm que ser bem informados, não têm que ser submetidos a contraditório. Muito menos a razão dos que protestam tem que ser comprovada pelos factos, pelo conhecimento, ou balizada pela ciência. Tão pouco é pedido aos promotores de um qualquer protesto que se responsabilizem por eventuais consequências das suas protestantes acções. A bem da democracia, é assim mesmo que deve ser. Dito isto, será interessante que os jornalistas, se não estiverem também em protesto, cuidem de ouvir o contraditório, de juntar alguns factos, de confrontar o conhecimento e a Ciência. Mas adiante, e voltando ao meu “protesto contra”.
Apesar de ter sido um protesto a favor da Floresta do Futuro, citados pelo PÚBLICO, os seus promotores reconhecem que, afinal, tal protesto decorreu “contra os incêndios, as políticas florestais, a monocultura do eucalipto e a indústria da celulose”. O bom deste esclarecimento, é que afinal o protesto em causa “foi contra”. O mau, é quase todo o resto!
Ser contra os incêndios e contra as políticas florestais, por muito bem que o “sound bite” resulte, são duas generalidades que, infelizmente, pouco resolvem. Contra os incêndios, na acepção popular, seremos todos, apesar de hoje ser bastante consensual, para o conhecimento científico, que o nosso problema é termos incêndios a menos no Outono-Inverno e de forma controlada. E como assim é, quando o território arde, arde em escala […]