O Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) vai apoiar os produtores agropecuários da região na aquisição de alimento para os animais, devido à situação de seca registada em algumas ilhas, foi hoje revelado.
“Será concedido um regime de apoio extraordinário para a aquisição de concentrado fibroso destinado à alimentação do efetivo pecuário da Região Autónoma dos Açores, a ser publicado brevemente, que corresponde a uma comparticipação de 35%, como já havia anunciado o presidente do Governo dos Açores na passada semana”, adiantou hoje o executivo PSD/CDS-PP/PPM em comunicado.
Na nota à imprensa, é referido que o Governo Regional, através da Secretaria Regional da Agricultura e Alimentação, “está atento e preocupado com a situação atual de seca que se faz sentir na região, especialmente em algumas ilhas, e trabalha em alternativas de apoio para fazer face à falta de alimento para os bovinos nas explorações pecuárias”.
A medida surge da auscultação da Federação Agrícola dos Açores “face às dificuldades identificadas pelos seus associados”.
O secretário Regional da Agricultura e Alimentação, António Ventura, citado no documento, explica que a medida tem em conta “a voracidade dos efeitos nefastos das alterações climáticas, que têm provocado condições meteorológicas atípicas, nomeadamente uma seca extrema, adversas à normal produção agrícola, em particular às produções forrageiras”.
“A debilidade da qualidade e quantidade de alimentos disponibilizados aos animais acarreta inegáveis efeitos quer a nível de sanidade, quer a nível de bem-estar animal e ainda no que se refere à rentabilidade da atividade económica em apreço, pelo que, nesta fase inicial, avançamos com o apoio para a aquisição de concentrado fibroso, havendo, contudo, uma avaliação permanente da situação de forma a verificar-se a eficácia do mesmo”, refere.
Segundo o titular da pasta da Agricultura, “no imediato, esta é a forma mais rápida de acudir a todos, não fechando portas a que posteriormente existam reforços na forma de apoio”.
“Tendo em conta a importância significativa dos interesses em causa e que a urgência na sua resolução é incontestável, e que o protelar da adoção de medidas poderá acarretar prejuízos para o setor e para o efetivo pecuário da Região Autónoma dos Açores, a existência de um apoio extraordinário afigura-se a forma mais correta de acautelar de forma urgente os sobejamente conhecidos interesses em causa”, concluiu.
Associações agrícolas de diferentes ilhas têm vindo a alertar para os efeitos da seca na produção. Os Açores estiveram em agosto vários dias sob aviso meteorológico amarelo (o menos grave de uma escala de três) devido ao tempo quente, com temperaturas máximas de 29 e 30 graus Celsius e mínimas entre 21 e 23 graus, pouco habituais nas nove ilhas.
O presidente da Federação Agrícola dos Açores referiu à agência Lusa, no dia 29 de agosto, que a seca no arquipélago é “transversal” a todas as ilhas, tratando-se em alguns casos de uma situação “muito preocupante” sobretudo devido à falta de água para os animais.
“A situação da seca é muito preocupante em algumas ilhas. Este ano é um ano atípico, porque, embora a seca começasse mais tarde, começa a ter efeito em algumas produções, mais em algumas ilhas do que em outras”, declarou.
Os produtores agropecuários da ilha de Santa Maria estão a alimentar os animais com silagem e feno devido à falta de pastagem nos campos por causa do tempo seco, disse à Lusa, também em finais de agosto, o presidente da Cooperativa de Produtores Agropecuários da ilha.
“As pessoas estão já a utilizar todo o alimento que tinham guardado na primavera para fazer face às necessidades normais do inverno e, nesta altura, os animais não têm pastagem para se alimentar”, afirmou Duarte Moreira.
A Associação Terra Verde também estava a calcular o impacto da seca nas produções agrícolas, que chega a atingir 70% em algumas culturas.