[Fonte: DN]
Candidatos do CDS-PP, BE, PS, PSD e CDU às eleições europeias propuseram hoje, em Bruxelas, medidas como uma melhor gestão da água e o aumento dos apoios financeiros aos agricultores para combater a “tragédia” da seca em Portugal.
Falando num debate promovido pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) entre cinco partidos portugueses que concorrem às eleições europeias de final de maio, o cabeça de lista do CDS-PP, Nuno Melo, sublinhou que “a gestão da água, o regadio, e tudo o que tem a ver com a redução dos recursos aquíferos do país tem de ser contemplado nas políticas da Comissão” Europeia.
“A União Europeia tem de ter em conta que Portugal está à cabeça dos países do sul que mais sofrerão com o impacto das alterações climáticas”, vincou Nuno Melo.
O eurodeputado centrista lamentou que “Portugal seja dos países que mais sofre com o aquecimento global e, no entanto, vai perder 7% nos fundos de coesão, enquanto outros não perdem um cêntimo e têm rendimentos ‘per capita’ muito superiores”, numa alusão à proposta de Bruxelas sobre estas políticas.
Notando que “o aquecimento global se vê em questões como os fogos florestais e a seca”, Nuno Melo classificou esta última situação como “uma tragédia”.
Para a cabeça de lista do BE nas eleições europeias, Marisa Matias, deve haver “um fortalecimento da condicionalidade ambiental e isso tem a ver com o estabelecimento de indicadores de impacto nas atividades agrícolas” para permitir mais “financiamento e não só”.
Para a bloquista, é também “fundamental garantir as reservas de água”, ao mesmo tempo que se criam programas “orientados para a transição ecológica e para a floresta mediterrânica”.
Pelo PS, André Bradford, que compõe as listas socialistas ao Parlamento Europeu, assinalou que “todos os agricultores do país já notaram as dificuldades acrescidas devido às alterações climáticas”.
Por isso, continuou, “o que me parece essencial é que a nova PAC tenha em conta as especificidades dos Estados-membros”, nomeadamente ao nível das ajudas e regras criadas.
De acordo com José Manuel Fernandes, das listas do PSD às europeias, “os agricultores são amigos do ambiente”.
O social-democrata defendeu, assim, a existência de “fundos e de instrumentos financeiros” para os apoiar “além da política de coesão”, exemplificando que o Banco Europeu de Investimento (BEI) deveria “ter verbas para ajudar os agricultores”.
“As alterações climáticas efetivamente estão aí e à escala global”, concluiu José Manuel Fernandes.
Para o eurodeputado comunista João Pimenta Lopes, das listas da CDU, deve haver uma “mobilização dos apoios para fazer face à seca e ao regadio”.
Como exemplo, propôs a criação de “seguros públicos contra pragas e catástrofes”, medida que já foi abordada no Parlamento Europeu, mas que não chegou a avançar.
As situações de seca em Portugal tornaram-se cada vez mais frequentes desde 2000 e o cenário deverá piorar em consequência das alterações climáticas e do aumento de frequência dos fenómenos extremos, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Em entrevista à agência Lusa no início do mês, a meteorologista Vanda Pires, do IPMA, salientou que as situações de seca são frequentes em Portugal continental com consequências graves na agricultura e pecuária, na energia e no bem-estar das populações.