O abastecimento à população e a campanha de rega com a água da barragem da Vigia, no concelho de Redondo, estão assegurados, mas, devido à seca, o uso na agricultura tem restrições, revelou hoje a associação de regantes.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação de Beneficiários da Obra da Vigia, Luís Bulhão Martins, frisou que as duas funções “estão completamente asseguradas”, ainda que a albufeira tenha “um nível de água não muito alto”.
“O abastecimento público é a primeira prioridade e, por isso, temos que limitar todas as outras utilizações em prol de um bom abastecimento” à população do concelho onde se situa a barragem, no distrito de Évora, assinalou o responsável.
A barragem, realçou o presidente da Associação de Beneficiários da Obra da Vigia, consegue armazenar até 17 milhões de metros cúbicos de água e, atualmente, está “à volta de 55%” da sua capacidade máxima.
Segundo Luís Bulhão Martins, a associação decidiu adotar restrições para o uso de água no perímetro de rega, com o limite de “sete mil metros cúbicos por hectare” e a data de 15 de outubro para o fim da campanha das culturas de primavera/verão.
“Vamos garantir em ótimas condições o abastecimento público”, insistiu, prevendo, ainda assim, que no final da atual campanha de rega, em meados de outubro, a barragem apresente “níveis muito baixos de água” armazenada.
O presidente da associação notou que, além das restrições impostas para o uso da água da albufeira na agricultura, a associação oferece aos regantes formação e conselhos técnicos para o uso eficiente deste bem nas suas culturas.
Bulhão Martins disse que “todos os anos os agricultores ficam apreensivos” e questionam-se se no ano seguinte haverá água para rega, já que, quando a campanha termina, em outubro, a albufeira fica sempre muito vazia.
“Só choveu, praticamente, em dezembro, e a bacia que fornece água à Vigia é relativamente pobre. Ou seja, é plana, tem solos que absorvem e se embebem muito de água, há poucas escorrências e tem uma área relativamente limitada”, salientou.
Sublinhando que esta barragem tem “falta de água armazenada”, o responsável considerou “extremamente importante” a construção de uma nova conduta de adução do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA) à barragem da Vigia.
Esta nova conduta, que está contemplada na primeira fase do Bloco de Rega de Reguengos de Monsaraz, “minimizaria muito os riscos de ficarmos um ano sem água”, apontou.
A atual ligação do Alqueva à Vigia, de acordo com o presidente da associação, “é muito pequenina”, pois, durante um ano inteiro em funcionamento, “não chega a fornecer três milhões de metros cúbicos de água”.
Num perímetro rega com 1.500 hectares de área e cerca de 100 agricultores, predominam culturas como a vinha, olival, amendoeiras, nogueiras, milho, cereais, tomate e ervilhas.
A ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, anunciou, em 08 de maio, ter assinado o despacho que reconhece a situação de seca severa e extrema em 40% do território nacional, no sul do país.
Em 10 de maio, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) divulgou que a situação de seca meteorológica se agravou em Portugal continental no mês de abril, estando 89% deste território em seca, 34% da qual em seca severa e extrema.